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Empresa fundada em 1925, nos EUA, como resultado da fusão das firmas Holt e C. L. Best, que vinte anos antes haviam desenvolvido os primeiros tratores de esteira (ou de lagartas – caterpillar, em inglês) do mundo. Um dos maiores fabricantes de máquinas rodoviárias do planeta, a Caterpillar começou a operar no Brasil no final de 1954, quando, em instalações alugadas, iniciou a fabricação e comercialização de peças e componentes para os equipamentos que importava dos EUA. No ano seguinte adquiriu grande terreno no bairro de Santo Amaro, em São Paulo (SP), onde construiu sua primeira fábrica brasileira, inaugurada em 1960.

No final daquele ano (quando já nacionalizara mais de 1.800 itens para os veículos importados) apresentou a primeira máquina completa fabricada no país – a motoniveladora 12E. Logo a seguir passou a produzir lâminas para os tratores D7 e D8 e, em 1962, dois scrapers (escavo-transportadores rebocados) com 14 m3 de capacidade – os modelos 435F (com quatro rodas) e 619C (duas rodas). Em 1967 lançou o modelo 621, o primeiro totalmente hidráulico fabricado no país, com dois cilindros de dupla ação, largura de corte de 3,0 m, 21,8 t, e 15,3 m3 de capacidade.

A motoniveladora 12E (“a maior do mundo“, segundo a empresa), com 11,5 t, motor Caterpillar de 115 cv e caixa com seis marchas à frente e quatro a ré, foi lançada já com 55% de componentes nacionais. Inicialmente fornecida com direção mecânica, em 1966 passou a dispor de assistência hidráulica (ou “reforçador hidráulico de direção“, como anunciado na época). Grande sucesso de vendas e de exportação (iniciada em 1965, para a América Latina e África do Sul), em 1969, já com índice de nacionalização superior a 98%, o modelo atingiu a marca das 2.000 unidades fabricadas, quantidade equivalente à metade das máquinas Cat da categoria em operação no Brasil. (Em 1973 o modelo ganharia 10 cv e passaria a ser chamada 120B.)

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Foi uma motoniveladora a primeira máquina brasileira da Caterpillar. Aqui, o modelo 140K, de 2009.

Em 1969 a Caterpillar se inscreveu no processo seletivo aberto pelo Geimot para a fabricação de tratores de esteiras, sendo uma das três empresas escolhidas. Antes mesmo de o processo seletivo ter sido concluído, em dezembro do ano seguinte, a empresa iniciou a produção de seus primeiros tratores de esteira D4D, de 7,9 t, ainda com reduzido índice de nacionalização (cerca de 25%, atingindo 50% no final de 1971). O conteúdo nacional pouco cresceu nos meses seguintes e, embora o Geimot estipulasse junho de 1972 como prazo limite para que os fabricantes de tratores de esteiras alcançassem o índice mínimo de 60%, obrigatoriamente utilizando motores de fabricação local (resultado obtido pelas concorrentes Fiat e Massey-Fergusson), ao chegar àquela data a Caterpillar ainda equipava seu trator com motor importado (Cat de quatro cilindros e 76 cv). Por solicitação da empresa, o Governo Federal concedeu seis meses adicionais para o cumprimento da obrigação.

A década de 70 foi palco de rápida expansão da indústria brasileira de bens de capital, processo liderado pelo governo federal através do Geimot, Geimec e CDI. O setor de máquinas para construção foi objeto de especial atenção, produzindo repercussão positiva também na Caterpillar, que chegaria ao final do período com uma linha muito diversificada de produtos. Inicialmente, em 1971, lançou o motoscraper 621 – conjunto composto do scraper 621 (de 1967, então já 95% nacional), rebocado por um novo trator com motor de oito cilindros e 300 cv e câmbio de oito marchas à frente e uma a ré. Em 1972 foi a vez de um novo trator de esteiras e da primeira pá-carregadeira brasileira da marca, ambos lançados na Feira da Mecânica Nacional, em junho.

O trator D6C, de 10,7 t, possuía motor Cat de 142 cv e duas opções de transmissão (mecânica com cinco marchas à frente e quatro a ré, ou semi-automática Power Shift com três marchas reversíveis). A pá-carregadeira 966C, 4×4 articulada de 14 t, era equipada com motor Cat turbo de 172 cv e eixo traseiro oscilante; tinha capacidade para 2,7 m³. No início de 1974 foi lançado o modelo 930, também articulado porém de menor porte (8,8 t, 100 cv, direção hidráulica e 1,7 m³). Máquinas modernas, com freios a disco nas quatro rodas, transmissão semi-automática e conversor de torque, as pás ultrapassavam 67% de nacionalização. Com elas a empresa tornou-se líder absoluta no mercado interno, respondendo por 70% das vendas. Também no segmento de tratores de esteira, em 1975 a Cat deteria a liderança no país, com cerca de 40% do mercado.

Em 1975 a Caterpillar colocou no mercado o motoscraper 627B, o primeiro nacional do tipo push-pull, dispensando o uso de trator de esteiras como empurrador. Com tração nas quatro rodas, dois motores Cat de 228 cv (um adiante e outro na traseira) e transmissão semi-automática com oito marchas à frente e uma a ré, tinha capacidade para 15,3 m3. Na época, a Caterpillar chegou a estudar a possibilidade de iniciar a montagem de empilhadeiras no país, o que jamais chegou a acontecer.

Um dos primeiros caminhões extra-pesados fabricados no país

Em 1976 lançou um dos primeiros caminhões fora-de-estrada do país (ainda que o menor de sua linha internacional), o 769B, com 32 t de carga útil, motor Cat de 415 cv e suspensão óleo-pneumática independente. Também em 1976 nacionalizou a escavadeira hidráulica 225 (127 cv), produzida por poucos anos, pois logo a empresa abandonaria o segmento no mercado brasileiro, vindo a retomá-lo somente na passagem do século.

Naquela altura – meados dos anos 70 –, a Caterpillar já fabricava três motoscrapers (621B, 627B e o novo 637B, com potências entre 335 e 456 cv, capacidades entre 28 e 40 t e 11,0 e 24,0 m³). Também os tratores de esteiras tiveram seus projetos atualizados: relançados como modelos D4E (agora com 9,3 t, motor turbo de quatro cilindros e 126 cv e câmbio reversível de cinco marchas) e D6D (14,3 t, seis cilindros turbo, 182 cv, seis marchas à frente e cinco a ré). Ambos receberam diversas outras melhorias, a principal delas a introdução de um sistema combinado de direção e freios, simplificando a operação.

Este florescimento, porém, deu-se à custa do aumento das importações de motores e componentes hidráulicos e eletro-mecânicos. Assim, apesar da liderança da empresa como maior exportadora do país no setor de máquinas de construção e tratores, o montante dos itens importados ocasionou balanço crescentemente negativo frente às exportações. Isto levou à instalação de uma segunda e moderna fábrica em Piracicaba (SP), inaugurada em 1976 (para lá, a partir de 1993 seriam transferidas as atividades remanescentes da unidade de São Paulo).

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Caminhão fora-de-estrada 769B – um dos primeiros, na categoria, a serem fabricados no Brasil.

O início da década de 80 foi difícil para a economia brasileira: cortes brutais nos investimentos públicos, crise de mercado interno em quase todos os segmentos, dificuldades externas restritivas às exportações. Ainda assim a Cat confirmou seus planos de crescimento no país, mantendo as inversões em modernização de plantas e processos produtivos, o lançamento de novos produtos e a diversificação de mercados no exterior (até então concentrados na América Latina), ao mesmo tempo em que era fortalecido o processo de nacionalização de suas máquinas (elevando os índices médios, respectivamente em peso e valor, de 89,5% e 94%, no final de 1980, para 93 e 96%, no início de 82). Em resultado de tais políticas a empresa consolidou, na década seguinte, sua posição como uma das principais indústrias brasileiras do setor. Iniciativa relevante assumida no período foi a determinação da unidade de Piracicaba ser fornecedora única mundial de alguns equipamentos.

Em 1984, buscando conquistar maior penetração no mercado de máquinas agrícolas, explorando as características peculiares dos equipamentos sobre esteiras vis-à-vis os tratores agrícolas sobre pneus, tais como menor compactação do solo e melhor capacidade de tração, a Caterpillar criou versões agrícolas para os seus dois tratores de esteiras (D4E SA e D6D SR – as desinências significando Super Agrícola e Super Rural, este para tarefas mais pesadas). Para o segmento de construção, no final daquele ano lançou o modelo D8L, o maior trator de esteiras até então fabricado do país, com roda motriz (traseira) elevada para redução de impactos e operação mais suave. Equipado com motor Cat de 335 cv, o veículo alcançava 55% de nacionalização, em valor, com expectativa de atingir 72%, em 1986. Na seqüência, chegaram as pás 930R e a nova 966C e o scraper 631D.

Em 1988 foram apresentados um modelo intermediário de trator de esteiras, o D5B (11,3 t, 105 cv e transmissão direta ou servo), o motoscraper 637D e o caminhão 785, de 150 t, o maior até hoje produzido no Brasil. Tracionado por um motor turbo-alimentado e pós-resfriado de 12 cilindros e 1.380 cv, acoplado a câmbio semi-automático de seis marchas à frente (ambos importados dos EUA), tinha suspensão independente nas quatro rodas, retardador e freios a disco múltiplos arrefecidos por banho de óleo. 13 foram adquiridos pela Companhia Vale do Rio Doce. Em 1989 saiu mais um trator de esteiras, o modelo D6E, com 155 cv.

O enorme esforço que havia três décadas o país vinha dedicando ao aumento dos índices de nacionalização na indústria de bens de capital e consumo, inúmeras vezes com resultados excepcionais, sofreu um colapso e refluxo generalizado a partir do governo Collor, no início da década de 90. Então, graças à redução desordenada das barreiras à importação, muitos fabricantes passaram a incorporar parcelas crescentes de componentes estrangeiros nas suas máquinas, quando não simplesmente deixavam de aqui produzir alguns equipamentos para trazê-los de suas matrizes. Isto também ocorreu, por algum tempo, com a Caterpillar: não apenas baixou em quase 10% o índice de nacionalização ao atualizar a sua linha de pás carregadeiras, como veio a suspender a produção local de caminhões fora-de-estrada, jamais retomada. Entretanto, coerente com sua estratégia de aproveitar as oportunidades oferecidas em épocas de crise, e a despeito do momento político e econômico adverso atravessado pelo país, a Cat não deixou de modernizar e ampliar sua linha de produtos e aprofundar a inserção no mercado externo.

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A Caterpillar foi a primeira empresa a fabricar motoscrapers no país; o modelo (621B) é da segunda metade da década de 70.

Seis novas pás-carregadeiras foram lançadas no início dos 90, algumas delas pela primeira vez trazendo comandos e controles fundamentados em modernos recursos de informática. Foram cinco máquinas da nova Série F e a 930T. Da Série F eram a 924F, 936F (140 cv), 938F, 950F-II (em lugar da 966C) e 960F, as duas últimas lançadas em 1994, com motor Cat turbo (180 cv, na primeira; aftercooler e 210 cv, na segunda), computador de bordo, transmissão automática e freios a disco banhados a óleo atuando no centro do eixo. O modelo 930T foi lançado em 1991, em substituição ao 930R. Vinha com motor de 7 litros e 105 cv, caçamba de 1,72 m3, transmissão com modulação hidráulica, alavanca de comando única (permitindo mudanças de marcha e de sentido de direção com o veículo em movimento) e sistema de absorção de solavancos composto de acumulador de hidrogênio acoplado aos cilindros hidráulicos da caçamba; cabine fechada e ar condicionado eram oferecidos como opcionais.

Também da primeira metade da década de 90 foram os tratores de esteira D5E e D8N (37,7 t e 285 cv, substituindo D8K e D8H). Em 1993 saíram as primeiras motoniveladoras articuladas nacionais da marca,  apresentada em três versões – 12G (135 cv, servo-transmissão com seis marchas à frente e seis a ré), 120G (12,5 t, turbo de 145 cv, oito marchas à frente e seis a ré) e 140G (150 ou 180 cv), todas dotadas de sistema hidráulico sensível à sobrecarga. No ano seguinte, por fim, chegaram o scraper 621F (330 cv e 15,3 m3, para o mercado interno e exportação) e o trator de esteiras D4E SR Série II – atualização do D4E SR. Dotado de câmbio com cinco marchas, o modelo compunha a família Agroline, cujos tratores desde 1988 dispunham de um exclusivo mecanismo para variação de potência, ajustando-a de acordo com o serviço a ser executado pelo equipamento (no caso, as duas primeiras forneciam 80 cv, as três seguintes alcançando 125 cv).

Plano estratégico para o século XXI

Em 1996 a Caterpillar deu partida a novo ciclo de planejamento de longo prazo, lançando a “Estratégia Século XXI – Nosso Futuro Hoje“, que abriu novos horizontes para a fábrica brasileira, transformando-a em fornecedora preferencial para o mercado mundial, o que exigia diversidade de produtos e atualização tecnológica. Por outro lado, de modo a  atender o mercado interno, o índice de nacionalização mínimo teria que ser mantido em pelo menos 60%, nível mínimo exigido pela Finame para financiar as máquinas. Respondendo a essas diretrizes, a empresa lançou muitas novas máquinas na passagem do século: a escavadeira hidráulica 320B (“agora é fabricada no Brasil e pode ser financiada pela Finame“, conforme publicidade da empresa); a Série H da motoniveladoras, em cinco versões (12H, 120H, 135H, 140H e 160H, respectivamente com 140, 140, 155, 185 e 200 cv); a Série G de pás-carregadeiras; a retroescavadeira 416D; e, pela primeira vez, um compactador de solo, da Série 500. Foi naquele período que a Caterpillar passou a fornecer seus motores diesel como equipamento original para os caminhões médios GMC, recém lançados pela GM brasileira.

Em 2003 a linha brasileira de produtos foi mais uma revista e ampliada, com o lançamento simultâneo de 16 modelos “globais”: a Série G II de pás, os tratores de esteira D6N e D8R Série II (com rodas de tração elevadas – lançamento simultâneo no Brasil, EUA, Europa e Japão), mais cinco motoniveladoras da Série H (dentre as quais a 12H, com 14 t, 145 cv e acumulador de nitrogênio para absorção de impactos na lâmina), as escavadeiras 320C e CL (com opção de cabina especial para aplicações florestais) e o compactador vibratório CS-423 (6,7 t e 83 cv, rolo com 1,70 m de largura e duas amplitudes de vibração, capô de fibra de vidro em peça única e plataforma do operador isolada por coxins de borracha). Em 2005 foi a vez do trator D8T, para o qual o Brasil foi escolhido como fornecedor mundial.

Oito novos lançamentos ocorreram em 2006, na M&T Expo: três modelos de pás-carregadeiras da Série H (950H, 962H e IT62H, de 216 e 230 cv), com sensor de carga para coordenação automática e simultânea dos movimentos de levantamento e inclinação e cabine refrigerada com câmera retrovisora opcional (a partir do ano seguinte foi oferecido um software permitindo autocarregamento automático das pás); uma retroescavadeira, o modelo 416E, renovação da 416D (6,8 t e 75 ou 90 cv), equipamento marginal na carteira da Cat, com menos de 9% do mercado, porém necessário para compor o catálogo da marca; duas escavadeiras (330D e DL, 36 t e 272 cv, com controle eletrônico de combustão e muitas opções de implementos e sistemas auxiliares); e dois tratores de esteiras da Série III (D6R, com 185 cv, ou 200 cv, na versão XL). Em 2007 chegou a Série M de motoniveladoras, com novas cabinas de grande visibilidade, retorno automático da articulação e substituição das tradicionais alavancas de controle hidráulico por dois joysticks.

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O compactador de solos com rolo pé-de-carneiro CP533E compõe uma das mais novas famílias de máquinas nacionalizadas pela Cat.

No ano seguinte foi lançada a Série D de escavadeiras hidráulicas, com maior potência de motor e pressão hidráulica mais elevada (e, conseqüentemente, maior capacidade de levantamento e ruptura). Também em 2008 uma nova categoria de produto foi agregada à linha de fabricação da Caterpillar brasileira: a carregadeira articulada para mineração subterrânea R1600G, apta a operar em túneis de três metros de altura por três de largura. Com 270 cv e 10,2 t de carga útil, a máquina possuía computador de bordo e comandos tipo joystick, podendo ser operada por controle remoto em situações de risco. Lançado com índice de nacionalização de cerca de 60%, o produto deixaria de ser fabricado pela unidade australiana da marca passando a fábrica de Piracicaba a ser fornecedora exclusiva do equipamento para todos os continentes.

Ao final de 2008 a Caterpillar aqui produzia 42 modelos de equipamentos, distribuídos em dez famílias, a mais diversificada linha de produtos do grupo no mundo. Era a líder nacional de vendas em máquinas de terraplenagem e uma das 20 maiores exportadoras do país, vendendo para mais de 120 nações o equivalente a 70% da sua produção, um terço para os EUA. Além disso, era fonte global para alguns produtos, como o trator de esteira D8R. É forte a presença comunitária da empresa na região de Piracicaba, tendo mesmo patrocinado, na passagem do século, o Plano Diretor do Município. Por duas vezes sucessivas, em 2004 e 2005, foi classificada entre “As Melhores Empresas para Você Trabalhar“, segundo projeto anual de avaliação da revista Exame; o feito seria repetido em 2009.

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O que houve de novo a partir de 2008





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