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O engenheiro basco José Ignacio López de Arriortúa, apelidado Iñaki, teve rápida trajetória pelos altos escalões da indústria automobilística mundial, seus métodos polêmicos de administração deixando marcas profundas por onde passou. Contratado pela General Motors Corp. aos 41 anos de idade, em 1980, notabilizou-se pelo trabalho de recuperação da empresa, no cargo de responsável mundial de compras. Ali, desenvolveu e explorou ao máximo os potenciais econômicos da globalização, pressionando os fornecedores tradicionais do Grupo pela redução de preços e prazos e deles cobrando maior participação e responsabilidade no suprimento just-in-time às linhas de produção. Adquirindo componentes e matérias-primas onde quer que se apresentassem, desestruturou as redes de fornecimento constituídas mas trouxe enormes ganhos para a GM. Em 1992 foi alçado à vice-presidência de suprimentos.

Já no ano seguinte foi contratado pela Volkswagen AG, para onde levou sua experiência e desenvolveu suas idéias ao extremo. Sob a bandeira da empresa alemã conseguiu concretizar um projeto que havia muito idealizava: implantar uma fábrica de veículos com o máximo de eficiência e o mínimo de investimento, transferindo para os fornecedores tarefas de montagem e controle de qualidade e parte substancial dos gastos com a instalação da unidade fabril. Este conceito, hoje conhecido como Consórcio Modular, foi pela primeira vez experimentado no Brasil, na nova fábrica da Volkswagen Caminhões, em Resende (RJ). O exemplo se multiplicou e hoje é paradigma industrial para todo o planeta. Em 1996 a GM forçou a instauração de um processo judicial internacional contra Iñaki, por espionagem industrial. Seu afastamento voluntário da VW, em 1998, levou à suspensão da ação.

Além da implantação da VW Caminhões, o Brasil e os projetos de Iñaki se tocariam pelo menos mais uma vez. Ao deixar a VW, começou a acariciar a idéia de ter sua própria indústria de automóveis – a Loar (sílabas iniciais de seus dois sobrenomes), fazendo uso, evidentemente, do conceito de Consórcio Modular. Seriam três unidades fabris: uma no seu País Basco natal, outra na Malásia e a terceira no Brasil. Em 1999 inscreveu-se no Regime Automotivo ampliado, candidatando-se à obtenção de incentivos fiscais para a implantação da fábrica brasileira, em local próximo a Camaçari (BA). O projeto era pretensioso: produção de uma família de cinco modelos sobre a mesma plataforma (hatch 1.0, sedã, conversível, picape e 4×4), totalizando cem mil unidades por ano, para o mercado interno e exportação para América Latina, África e EUA, a preços até 20% menores do que a concorrência. A produção seria iniciada em junho de 2003.

Os carros, que já tinham até nomes, todos castelhanos e femininos (Carmen, Lurdes, Begônia, Pilar e Guadalupe), seriam fabricados sem alterações nos três países. Previa-se investimento de um bilhão de dólares, a ser compartilhado com os fornecedores de suprimentos, brasileiros e estrangeiros. Apesar da sua fama mundial (ou por causa dela), dessa vez os planos de Arriortúa não se materializaram – nem aqui nem na Espanha.





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