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TURISCAR | galeria

Fundada por Pedro Luiz Scheid, em 1965, a Turiscar foi pioneira na produção de trailers turísticos na América Latina e uma das maiores responsáveis pela introdução do campismo no Brasil. Seu primeiro protótipo, inspirado em modelo alemão da Knaus, foi preparado ainda em 1964 para ser exposto no IV Salão do Automóvel: tinha leitos para quatro pessoas, mesa, guarda-roupa, cozinha com pia e fogão de duas bocas, rede de água com tanque de 20 litros e bomba manual; não dispunha de banheiro. Recebeu o nome Turiscar Caravana.

De sua fábrica em Novo Hamburgo (RS), inaugurada no ano seguinte, sairia extensa gama de modelos, desde unidades para duas pessoas, com 3,05 m de comprimento (modelo Baby), até o reboque Monterey para dez pessoas, com 11,00 m, duplo eixo e quinta roda. Todos possuíam carrocerias monocoque com estrutura metálica, revestimento externo em chapas de alumínio, isolamento termo-acústico em isopor e assoalho de compensado naval, montadas sobre chassi tubular em T com suspensão independente por barras de torção e freios inerciais.

Bonitos, funcionais e de durabilidade reconhecida, seus produtos sempre se destacavam pela racionalidade da arquitetura interna e pela qualidade do acabamento e dos materiais empregados, com destaque para os trabalhos de marcenaria. Diversos aperfeiçoamentos e itens de segurança foram agregados aos trailers ao longo do tempo: banheiros monobloco em plástico reforçado com fibra de vidro, armários com porta de enrolar, geladeiras sob medida com gabinete de fabricação própria e aquecedores de água montados fora do veículo.

Em meados dos anos 70 o campismo brasileiro se encontrava no auge e a Turiscar chegava ao pico de produção de 76 trailers por mês. Em 1971, atendendo a encomenda da GM, que desejava estimular o uso de suas picapes em atividades turísticas, a empresa já havia projetado e construído seu primeiro camper. Em 1976, como decorrência natural,  decidiu entrar no mercado de motor-homes, que então aqui dava os primeiros passos. Utilizando a mesma tecnologia dos trailers (estrutura metálica, laterais planas e revestimento externo de alumínio) e com eles compartilhando todos os componentes e acessórios, construiu seu primeiro modelo, chamado Miramar, sobre um caminhão leve Ford F-350. A linha foi completada com o Bambino (adaptação da van Invel), Solymar (chassis leves com cabine integrada) e Montecarlo (sobre chassis médios e pesados de ônibus). Esporadicamente também transformava ônibus em moto-casas.

Ao modelo Montecarlo se seguiu o Riviera, usualmente montado sobre mecânica Volkswagen. Numa demonstração de ousadia e competência, para a nova linha a Turiscar desenvolveu um chassi com motor traseiro, utilizando a mecânica dos caminhões VW. A transformação – envolvendo a transferência do conjunto motor em posição invertida para a traseira, a adaptação do diferencial e o encurtamento do cardã – era executada pela própria empresa.

Inicialmente, todos os motor-homes da marca utilizavam o painel dianteiro do fabricante dos chassis, mais tarde vindo a usar elementos de carrocerias Marcopolo. Em meados da década de 80 a frente de suas moto-casas passou a receber tratamento estilístico próprio, com traços limpos e funcionais.

Pedro Scheid dirigiu a Turiscar até 1983, quando se retirou da sociedade. Em 1988 abriria a Scheid, exclusivamente dedicada à fabricação de motor-homes, ali permanecendo até 1999, quando finalmente se aposentou, aos 71 anos. A Turiscar permaneceu em operação; alguns modelos mudaram de nome (Bambino passou a caracterizar o camper, chamando-se Granada e Vogue as versões sobre chassis leves). A empresa, porém, sentiu fortemente a retração do movimento campista dos anos 80, agravada pela recessão do início da década seguinte. Perdeu fôlego e passou a apresentar prejuízos continuados, até falir em 1999. Mais de 7.000 trailers e 600 motor-homes foram fabricados em seus 34 anos de existência.

A marca Turiscar renasceu em 2016, em Gramado (RS), pelas mãos da Santo Inácio, agora somente como fabricante de trailers. Retornando às origens, lançou três modelos (5.5, 6.0 e 6.5) modernos, bem desenhados e com excelente acabamento. Os três possuem chassis projetados na Alemanha e grande quantidade de componentes importados (suspensão independente, freios, acoplamento, sistema eletrônico de controle de estabilidade, portas e janelas).





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