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Projetado pelo capitão Edwaldo Oliveira dos Santos, do Serviço de Motorização do Exército, e construído em três anos por Domingos Ottolini, funcionário da FNM e proprietário de uma indústria metalúrgica no Rio de Janeiro (RJ), o Pinar é tido como um dos primeiros automóveis concebidos no país – condição intencionalmente expressa no nome do veículo, sigla de “Pioneira da Indústria Nacional de Automóveis Reunida”.

Teriam sido construídos três modelos – um sedã de quatro portas, um cupê e um conversível – embora só se disponha de registros fotográficos dos dois últimos. Carros de porte médio com motor traseiro de dois tempos, quatro cilindros opostos refrigerados a ar e 70 cv, copiado do ainda desconhecido boxer Volkswagen, todos eles foram realizados nas oficinas de Ottolini, onde também foi fundido e usinado o bloco do motor.

Com 4,5 m de comprimento e cerca de 3,0 m de entre-eixos, o carro tinha chassi de longarinas e suspensão independente nas quatro rodas com molas helicoidais. Para satisfazer às preferências da época, voltadas para os carros norte-americanos, o Pinar procurou reproduzir, em ponto menor, o design vigente nos EUA, aí incluída a vistosa (e desnecessária) grade dianteira cromada.

Um dos modelos foi mostrado na Exposição Industrial de 1950, montada no Parque da Água Branca, em São Paulo (SP), evento histórico no qual também despontaram stands das primeiras indústria brasileiras de autopeças. Duas versões do Pinar foram apresentadas aos Presidentes de então – a Dutra o cupê, ainda em 1950, e a Getúlio Vargas o conversível, no ano seguinte – possivelmente em busca de apoio para sua industrialização, quem sabe pela própria FNM.

Em novembro de 1950 Edwaldo anunciou a fundação da Fábrica Nacional de Automóveis S.A., onde pretendia produzir em série sua criação, “como também carros de outra classe, (…) como caminhonetes, automóveis rurais e viaturas militares“. Seus planos previam a construção de 50 protótipos para atrair interessados na compra do carro e investidores para participar do empreendimento, informando já ter adquirido terreno em Nova Iguaçu (RJ) para a construção da fábrica (localização meses depois mudada para Tremembé, SP).

Já em 1951, porém, por razões obscuras, em escandalosa matéria a revista O Cruzeiro abriu campanha contra o Pinar e seus autores, anunciando o carro como “uma fraude“, que era “bonito por fora e horripilante por dentro“, que seu motor seria cópia de um VW “roubado na Alemanha por um sargento brasileiro“, que os construtores “tiveram a audácia de requerer patente do motor“, que o capitão Edwaldo “já foi processado por desviar armas“… O artigo, no melhor estilo da “imprensa marrom”, surtiu o efeito desejado pela revista, desacreditando o projeto e a partir daí dele nada mais se ouvindo.





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