> TRITEC

TRITEC | galeria

A Tritec Motors foi joint-venture constituída pelas empresas alemãs DaimlerChrysler e BMW com o objetivo de produzir motores pequenos a gasolina destinados à exportação. Desde 1995 a BMW estava decidida a construir uma fábrica de motores própria em um país da América Latina para equipar automóveis de sua subsidiária inglesa Rover (da qual assumiu o controle em 1994). Em 1996 a Chrysler norte-americana aderiu à iniciativa, propondo-se a participar com 50% do investimento; logo as empresas firmaram acordo para a construção da fábrica em comum, em país ainda não definido. Em abril do ano seguinte foi anunciada a escolha de Campo Largo (PR) para sediar a unidade.

Em 1998 ocorreu a inesperada fusão mundial entre a Chrysler e a Daimler-Benz e, em março de 2000, a BMW vendeu a Rover e a Land Rover, permanecendo apenas com a propriedade da marca Mini, até então produzida pela Rover. As duas transações atrasaram em alguns meses a inauguração da planta brasileira. Em meados do ano, por fim, foi iniciada a produção seriada. Com 75% nacionalização, seus primeiros motores tinham quatro cilindros, 1,6 litro, 16 válvulas e 114 cv (ou 163 cv com turbocompressor). No ano seguinte seria introduzida a versão 1.4, com 76 cv. A planta tinha capacidade para 400 mil unidades/ano, dispondo de moderno setor de usinagem, totalmente automatizado.

Desde o início, como se vê, a Tritec teve existência conturbada. Foi lento o crescimento da produção: 2001 se encerrou com apenas 80 mil unidades fabricadas; 2002, com 166 mil. Os modelos Chrysler PT Cruiser e Neon, para os quais era destinada importante parcela dos motores exportados, jamais foram grandes sucessos de venda; pelo lado alemão, o grande trunfo da empresa – o fornecimento exclusivo para os bem sucedidos Mini britânicos – se dissipou em 2002, com o acordo entre a BMW e a PSA francesa, pelo qual esta substituiria a Tritec a partir de 2007.

O mercado brasileiro, que então atravessava momento de retração, também não podia socorrer a empresa; além disso, os compromissos de exportação assumidos com o Governo Federal impediam a empresa de se voltar para o mercado interno antes de 2003. Como alternativa futura pensou-se em equipar os Smart nacionais, que a Mercedes-Benz planejava montar em sua fábrica de Minas Gerais, mas o fabricante alemão logo desistiu de produzi-los no país.

Como estratégia de sobrevivência, a Tritec intensificou a busca de novos clientes na Inglaterra, EUA, Rússia e China (para onde enviou um primeiro lote em maio de 2003, destinado aos automóveis Chery). Em 2005 assinou contrato com a Obvio! – empresa brasileira que até hoje não conseguiu colocar seu carro em produção. O contrato de fornecimento para os Mini, que já então respondia por 80% das vendas da Tritec, venceu em junho de 2007. O ano terminou com a fábrica paralisada – e com a ameaça de ser desmontada e transferida para a China, caso tivesse sucesso a campanha que a Lifan vinha desenvolvendo, com apoio do governo chinês, pela compra da unidade paranaense.

As instalações acabaram sendo vendidas para a Fiat, em março de 2008, passando a se constituir na terceira fábrica brasileira da FPT. Os motores Tritec tiveram o projeto revisto, foram transformados em flex, ganharam uma versão 1.8 e foram relançados, em 2010, com o nome E.torQ. No final de 2022 a Fiat transferiria a produção de motores para Betim e, mais uma vez, a planta de Campo Largo seria fechada.





GmailFacebookTwitter