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Conglomerado estatal finlandês formado em 1951, agrupando diversas empresas industriais de propriedade pública nos setores aeronáutico, naval, de equipamento ferroviário, militar, agrícola e para a fabricação de papel. Em 1979 a empresa absorveu a divisão de máquinas agrícolas da Volvo BM. Em 1994 os negócios de equipamentos agrícolas, florestais e de movimentação de materiais foram transferidas para a também estatal Sisu, três anos depois privatizada e adquirida pelo grupo privado finlandês Partek. Em 1996, por obrigação contratual, a nova controladora alterou a marca dos tratores agrícolas para Valtra. Em 2002 a Partek foi vendida para a Kone, que em menos de dois anos se desfez do negócio, subdividindo-o em três, sendo em 2004 a divisão de máquinas agrícolas repassada para a multinacional norte-americana AGCO e a de equipamentos florestais para a japonesa Komatsu. As três empresas de movimentação de materiais do grupo Kone (Kalmar – que absorvera a divisão correspondente da Valmet –, Hiab e MacGreggor) se uniram na Cargotec, mantendo-se sob controle finlandês.

A filial brasileira da Valmet foi fundada em janeiro de 1960, em Mogi das Cruzes (SP). A empresa foi uma das 20 que apresentaram projeto de nacionalização ao Geia; seus planos, que envolviam a produção de 4.200 tratores médios sobre rodas até junho de 1962, foram dos primeiros aprovados pelo órgão. Enquanto construía fábrica própria em Mogi (a ser inaugurada dois anos depois), em instalações alugadas, deu início à montagem do seu primeiro modelo, o trator 360-D, com 1,8 t e motor MWM de três cilindros e 40 cv e câmbio de seis marchas à frente e duas a ré. Apresentado ainda em dezembro de 1960, rapidamente atingiria o elevadíssimo índice de nacionalização de 99,1%, em peso. Em 1964, o modelo pioneiro foi substituído pelo 600-D, com bonita carroceria bicolor no mais puro design escandinavo, motor MWM de três cilindros e 50 cv e caixa de seis marchas à frente e duas a ré. Também eram novos a embreagem, o radiador e a bomba hidráulica; o assento passou a ser estofado. O trator veio acompanhado de grande número de implementos opcionais, inclusive pá carregadeira e lâmina para nivelamento de solos.

Então o terceiro maior fabricante de tratores do país, a Valmet assumiu a segunda posição em 1966, após o abandono do mercado pela Ford Tratores, mantendo-se nesse posto até 1980. Na metade dos anos 60 a empresa dedicou-se à ampliação da gama de produtos. Até 1970 três novas linhas seriam lançadas: o modelo 50, de menor porte, apresentado em 1966, com motor Perkins de três cilindros e 37 cv, câmbio sincronizado e freios blindados, a empilhadeira Rotart e a nova Série 80 de tratores.

Em 1987 a Valmet produziu seu 200.000o trator. Lançada naquele ano, a empilhadeira Rotart tomou por base o trator agrícola médio 60 (o antigo 600-D, agora com 52 cv), que teve controles e direção invertidos – daí o nome Rotart, anagrama de Trator (o sistema de elevação era fornecido pela Clark). Com 33 cm de vão livre, quase 2,0 m de bitola e 1,9 m de entre-eixos, era uma máquina própria para percorrer longas distâncias em pisos irregulares, sendo pioneira e por vários anos única na categoria. Tinha capacidade para 2 t de carga e altura máxima de elevação de 3,45 m. No ano seguinte receberia câmbio 6×2 sincronizado e freios a disco independentes no eixo de tração.

A nova Série 80, de 1968, mais pesada, com motor MWM de quatro cilindros, injeção direta e 70 cv, câmbio sincronizado com seis marchas à frente e duas a ré, bloqueio do diferencial e freios a disco duplos de acionamento independente nas rodas traseiras (estes foram os primeiros tratores agrícolas brasileiros a trazerem injeção direta câmbio sincronizado). Em 1970 a Valmet comemorou a fabricação do 15.000trator nacional.

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360-D, o primeiro trator brasileiro da Valmet.

No início da década seguinte foi lançada um modelo de retroescavadeira, tomando por base o modelo 80, com implementos fornecidos pela Madal. Nessa altura, todos os tratores agrícolas já dispunham de injeção eletrônica. Este foi um período de grande crescimento nas vendas internas de tratores de rodas, a Valmet acompanhando o fenômeno com investimentos constantes para aumento de capacidade produtiva, tendo como resultado avanço bem maior do que a concorrência (14% em 1969 e 61,4% em 1970, versus aumento de 3,7 e 48,2% do setor). Em 1972 a marca respondeu por 29% do mercado interno.

Em 1972 foi apresentado o modelo pesado 1100, preparado para a indústria canavieira, com motor de seis cilindros, injeção direta e 115 cv, câmbio 8×2 sincronizado, freios a disco e direção hidráulica. No ano seguinte a linha foi totalmente renovada: as séries 60 e 80 e o modelo 1100 foram descontinuados e substituídos por cinco novas máquinas: 62 id (1,8 t e 52 cv, também na versão Cafeeiro, de bitola estreita), 65 id (58 cv), 85 id (78 cv) e o novo pesado 110 id, de 3,8 t, com motor MWM de seis cilindros e 116 cv. Todos tinham motor com injeção direta, caixa de mudanças sincronizada, bitolas reguláveis nos dois eixos e acelerador de pé e de mão. Os quatro primeiros possuíam câmbio 6×2, e o último 8×2.

Em 1974 foi alcançada a marca de 60.000 tratores produzidos. Duas novas máquinas derivadas de modelos agrícolas foram lançadas em 1975: a empilhadeira 3000E, equipada com motor MWM de três cilindros e 58 cv, câmbio sincronizado 6×2 e direção hidráulica, com capacidade para 3,0 t e elevação de até 4,22 m; e o trator 110 TA – versão florestal do 110 – com esteiras ligando as rodas traseiras a um 3º eixo intermediário não tracionado, engenhosa solução já proposta pela empresa nos idos de 1962. O trator vinha equipado com grua de garras e carreta, podendo transportar 9,0 t de toras com até 7,0 m de comprimento.

A década de 80 se iniciou com o Brasil em plena recessão econômica. Aqueles foram anos especialmente duros para a agricultura, com efeitos imediatos sobre a indústria de máquinas, que teve 45% de queda nas vendas internas entre 1980 e 81. As perdas da Valmet foram semelhantes (43,4%), agravando-se até 1983, quando a produção cairia para 6.317 unidades, menos de 44% do que fora fabricado em 1980. Ainda assim a empresa não deixou de investir na renovação e ampliação da linha.

Em 1981 todos os modelos foram atualizados: compondo a série 8, tiveram a potência aumentada e a carroceria padronizada, sendo renomeados 68, 88 e 118. Também foi lançado o 118-4, com 118 cv, freios a disco e direção hidrostática – primeiro trator agrícola pesado nacional com tração nas quatro rodas. Em 1984 foi colocada à venda a Linha Álcool, três modelos (88, 118 e 118-4) com motor ciclo Diesel MWM bicombustível, alimentados por dupla injeção, com 90% de álcool hidratado e 10% de óleo diesel. No ano seguinte, por fim, foi apresentada a Série Prata, com cinco modelos: 68, 88, 118, 118-4 e o novo 138-4. As principais mudanças ocorreram no modelo 88, que recebeu câmbio sincronizado de oito marchas, e no 138-4, com motor turboalimentado de 145 cv – também pela primeira vez no país – e câmbio sincronizado de doze marchas. Este dinamismo nos lançamentos, aliado à prática de antecipar-se à concorrência nas novidades tecnológicas, ajudou a empresa a vencer a crise iniciar o ano de 1985 novamente ocupando o segundo lugar no mercado, respondendo por quase 1/3 das vendas internas.

Em 1986 foram lançados três modelos de origem Volvo BM – dois deles 4×4 mais leves: 880 e 880 4×4 (com 81 cv) e 980 4×4 (turbo, 95 cv), ambos com oito marchas à frente e quatro a ré. Os dois outros modelos 4×4 da linha (agora 128 e 148) ganharam motores mais potentes (122 e 145 cv) e caixa com 16+4 marchas. A partir do 880 seria preparada uma empilhadeira “off-road” (termo usado pela empresa) com capacidade para 4,0 t, lançada na VI Brasil Transpo, em 1989.

Importante fabricante de equipamentos florestais na Escandinávia, a Valmet do Brasil começou a explorar o segmento em 1989, ao adquirir o controle da Implemater – Implementos para Máquinas de Terraplenagem Ltda. (Fundada em 1972, em Pinhais, PR, dois anos depois a empresa passou a produzir implementos florestais – garras hidráulicas, empurradores de madeira, gruas.) Ali, em 1992 a Valmet iniciou a montagem, a partir de componentes importados e nacionais, do forwarder 636 N, transportador de madeira 6×6 articulado, equipado com motor Cummins de 114 cv e grua florestal. Dois anos depois foram fabricadas 16 unidades do harvester 601, trator articulado 4×4 dotado de cabeçote de corte, destinado à derrubada e empilhamento de troncos.

Os equipamentos já contavam com 45% de conteúdo nacional e a empresa se preparava para lançar o terceiro produto, um harvester com três eixos e tração nas seis rodas. A investida, porém, ocorreu em meio ao governo Collor, em pleno processo de desregulamentação da economia. O fim das barreiras às importações desembocou na paralisação da produção nacional de equipamentos florestais, em 1996, voltando as máquinas a serem trazidas da Europa. Tal retrocesso ocorreu também na área de motores. Com a liberação das compras externas, a Valmet passou a importar motores Sisu da Finlândia, aplicando-os a partir de 1993 nos modelos 885 e 985 (passando a denominá-los 885 S e 985 S – sendo o “S” indicativo de Sisu); ambos também receberam transmissão semiautomática.

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Fruteiro 785 4×4, com motor MWM de 72 cv, modelo da década de 90.

A década de 90 foi um período confuso para o país – e para a Valmet, em particular: começou com a desordem econômica provocada pelo governo Collor; passou por mais uma grande crise na agricultura, com fortíssima retração do mercado (menos de 3.700 tratores foram vendidos pela empresa em 1992, quase três vezes menos do que em 1984); e concluiu com a privatização da matriz, em 1997. Foi um período de forte desnacionalização da produção e aumento das importações. No caso da Valmet, tratores das séries Mega (de 110 a 190 cv, em 1991) e Hitech (quatro modelos 4×4, em meados da década) e colheitadeiras Claas, máquinas alemãs para as quais a empresa obteve o direito de representação.

A sangria de divisas, contudo, levou o governo federal a retomar a taxação de materiais e equipamentos importados, obrigando o setor industrial a novamente elevar o índice de nacionalização de seus produtos. Em dezembro de 1994 foram fabricados em Mogi das Cruzes os primeiros motores Sisu nacionais, se mantendo a MWM, mediante acordo, como fornecedora de unidades abaixo de 85 cv.

Assim, a quadra trouxe poucas novidades para a produção nacional: em 1994 o modelo 1380 S (4×4 com motor turbo de 6,6 l e 130 cv, câmbio sincronizado 12×4 e opção de cabine com ar condicionado) e, em 1996, o chamado “trator combinado” (iniciado pelo 1180 S), que permitia ao comprador compor o equipamento de acordo com suas necessidades particulares; podiam ser escolhidos tipo de pneus, potência, sistema hidráulico, cabine, acessórios e até a cor, entre as cinco disponíveis. Somente em 1999 a Valmet retomaria a atualização da sua linha de máquinas, começando pela modernização da carroceria de alguns modelos. Com tudo isto, a marca perdeu posição no mercado e chegou ao final da década em terceiro lugar entre os fabricantes nacionais de máquinas agrícolas, ultrapassada pela CNH, criada em 1999 como resultado da união da New Holland com a Case. Sua linha então contava com 12 modelos em diversas variantes.

O novo século alteraria substancialmente esta situação. A partir de 2000 a empresa suspendeu a importação de equipamentos e, no ano seguinte, oficialmente mudou a marca dos seus produtos para Valtra. Começou a produzir cabines e, em 2003, reforçou sua posição no segmento de tratores leves com o lançamento da nova linha BL, com motores Sisu de 77 e 88 cv e novas carrocerias. (Unidades MWM continuariam a equipar dois dos modelos mais baratos – 685 e 785, de 62 e 75 cv –, que mantiveram o estilo antigo, e dois pesados – 1280 e 1780, de 126 e 160 cv; o modelo 585, o mais leve da linha, recebeu um motor indiano Simpson de três cilindros e 47 cv.) As novas carrocerias foram estendidas às linhas média BM e pesada BH.

A aquisição da empresa pela AGCO (que desde 1996 controlava a líder Massey Ferguson) reforçou sua posição no mercado. Em 2005 foi lançada a Geração II, evolução das séries BM e BH. As máquinas ganharam novas cabines, o estilo das carrocerias foi retocado e todos os modelos receberam um “V” cromado na grade; dois deles foram equipados com turbo intercooler, (BM 125i e BH 185i, de 125 e 190 cv). Naquele mesmo ano a Valtra se tornou a primeira empresa do país a homologar um veículo para uso do biodiesel B5 (na proporção de 5%, que em 2009 chegaria a 100%).

Em outubro de 2007 a Valtra deu início à fabricação de colheitadeiras – os modelos BC4500 e BC7500, fabricados em Santa Rosa (RS), onde a AGCO já produzia máquinas da marca Massey. A primeira, com tecnologia convencional de trilha (debulha e separação de grãos), possuía motor Sisu de 190 cv (posteriormente 200 cv) e tanque graneleiro com capacidade para 5.200 litros; a segunda, destinada à colheita de grandes áreas, vinha equipada com rotor axial, motor Sisu turbo pós-arrefecido com injeção eletrônica common rail de 355 cv (380 cv em 2013) e tanque para 10.570 litros (equivalente a 130 sacas de soja) com potente sistema de descarga, permitindo o esvaziamento completo em pouco mais de dois minutos. Ambas as máquinas tinham transmissão hidrostática. Outra novidade foi o piloto automático por GPS para tratores, que permitia operar percursos retos ou curvos perfeitamente paralelos.

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Após ser adquirida pela AGCO e ter a marca mudada para Valtra, a empresa diversificou amplamente sua linha, passando a produzir colheitadeiras e pulverizadores; na foto a colhedora de cana-de-açúcar BE 1035e, de 2015.

A partir da metade da década o setor de máquinas agrícolas foi fortemente beneficiado pelo programa federal Mais Alimentos, destinado ao desenvolvimento da agricultura familiar, passando a categoria de tratores leves a responder por 71% das vendas no país. Todos os fabricantes nacionais, a maioria deles focados na produção de máquinas pesadas, rapidamente se voltaram para o segmento inferior. A Valtra, por seu lado, projetou e lançou em 2009 a nova Série A, cinco modelos (A550, 650, 750, 850 e 950) nas versões 4×2 e 4×4, com estilo renovado, potências entre 50 e 95 cv e caixa sincronizada de oito marchas à frente e duas a ré (com opção de até 18+8 e 12+12). A menos do menor, que utilizava motor indiano Simpson, todos os demais traziam unidades Sisu de três ou quatro cilindros.

No extremo oposto, em 2010 foram disponibilizadas mais uma colheitadeira e a nova linha BT, de tratores 4×4 pesados – quatro modelos (BT150, 170, 190 e 210) com motor Sisu de seis cilindros, entre 150 e 215 cv, e transmissão semiautomática de 24 marchas com reversor. Quanto à colheitadeira (BC6500), se tratava de modelo axial para médias propriedades, com 305 cv (325 cv em 2013) e tanque de grãos com 10.570 l, apta a utilizar 100% de biodiesel (B100). A Valtra encerrou o ano de 2010 outra vez em segundo lugar na produção de tratores, com 12.790 unidades e 24% do mercado (sua presença no segmento de colheitadeiras ainda permanece marginal, com somente 4% das máquinas fabricadas).

No início de 2011, sua linha de produtos compreendia três colheitadeiras de grãos e 19 modelos de tratores de pneus, em várias versões, com ênfase nos equipamentos leves e pesados, respectivamente com sete e nove tipos. Três destes também serviam de base para versões especiais: o leve 685, para transporte em aeroportos, e os médios BM 85 e 100, transformados em retroescavadeiras. Em fevereiro foi agregado à gama seu primeiro pulverizador automotriz (BS 3020H, apto para uso de biodiesel B100), com motor turbo de 6,6 l e 200 cv, suspensão pneumática, transmissão hidrostática 4×4 cruzada, tanque de 3.000 l e barras de 25 ou 28 m de comprimento.

<valtra.com.br>

 

O que houve de novo a partir de 2012





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