FENATRAN 2019

Entre 14 e 18 de outubro aconteceu, em São Paulo (SP), o 22o Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga. Pela primeira vez a Ford esteve ausente da feira, mas não faltaram novidades: foram pelo menos três – importantes – trazidas pela Iveco, Mercedes-Benz e Volkswagen Caminhões. Scania e Volvo expuseram seus modernos pesados e extrapesados, recentemente atualizados, e Citroën e Peugeot mostraram suas linhas de utilitários, todos importados.

 

DAF

Ocupando o principal stand do Salão, um grande espaço bem à frente da entrada do pavilhão, a holandesa DAF deu mostras de sua determinação em continuar avançando no mercado brasileiro.

Além de expor as duas linhas de pesados CF e XT, lançou seu primeiro modelo rígido nacional – um CF 85 6×4 com carroceria basculante.

Além dele, surpreendeu com a exibição de dois caminhões leves LF, importados, a serem agregados ao serviço de assistência técnica da marca como oficinas móveis de manutenção – iniciativa que é, a um só tempo, bela vitrine para um modelo desconhecido no país e inteligente instrumento de pesquisa do interesse do mercado em sua nacionalização.

Como curiosidade – e sem qualquer intensão em comercializá-lo aqui -, a empresa mostrou um enorme caminhão T680 vermelho da norte-americana Kenworth, uma das três marcas produzidas pelo grupo controlador da DAF.

 

IVECO

A Iveco apresentou a nova geração dos utilitários Daily, mostrada em diversas versões – furgão, van para passageiros, chassi-cabine e cabine-dupla. Lançada na Europa em abril passado e com produção nacional programada para meados de 2020, a linha ganhou novo estilo, interior redesenhado, maior conteúdo tecnológico e itens de segurança e conforto, tais como controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, sensores de estacionamento, controle de velocidade de cruzeiro, central multimídia com tela sensível ao toque, ar-condicionado digital e comandos no volante. Para facilitar a manutenção, o para-choque passou a ser tripartido.

Ainda montada sobre quadro de chassi com longarinas, a linha 2020 manteve três opções de motor diesel (130, 150 e 170 cv) e duas de câmbio (manual de seis marchas e automático). São 14 as versões disponíveis, uma delas especialmente projetada para transformação em motor-home.

 

     

DAF LF e novo Iveco Daily furgão (fotos: LEXICAR).

 

MAN

Marca top da Volkswagen Caminhões e Ônibus, a MAN lançou na feira opção de suspensão pneumática para o trator TGX 28.440 6×2.

 

MERCEDES-BENZ

A mais importante novidade da Fenatran foi trazido pela Mercedes-Benz: a nova geração da família de extrapesados Actros,  lançada ano passado na Europa. Resultado da inversão de R$ 1,4 bilhão, última parcela do programa plurianual de R$ 2,4 bilhões, traz a última palavra em tecnologia embarcada, segurança ativa e conectividade.

Divulgado pela empresa como “o primeiro caminhão digital do país“, com ele a Mercedes-Benz almeja equipará-lo aos caminhões topo de linha da concorrência – leia-se MAN, Scania e Volvo. Para completar, os veículos teriam menor custo de manutenção preventiva (redução das paradas programadas, maior intervalo entre intervenções obrigatórias) e consumiriam até 12% menos combustível do que eles (graças à melhor aerodinâmica da cabine, ao piloto automático preditivo, câmbio e turbo-compressor novos e ao menor peso do veículo).

O caminhão nacional não é exatamente igual ao europeu, tendo sua adaptação para as condições brasileiras consumido 20 mil horas de simulações da engenharia, 18 mil horas de testes físicos e 4 milhões de quilômetros rodados. Diferentes são a motorização, os freios, a suspensão traseira metálica com coxins de borracha (mais robusta do que a pneumática) e detalhes internos da cabine.

A adaptação do projeto, contudo, não significou perda de conteúdo tecnológico. O modelo traz,  de série em toda a linha, as principais tecnologias globais, como radar e câmera para monitorar seus sistemas de segurança ativa, frenagem automática de emergência (reconhecendo veículos, pedestres e obstáculos fixos), controle adaptativo de velocidade com aceleração e frenagem automáticas, controle de estabilidade, alerta de desvio de faixa, sensores laterais de ponto cego, alerta de fadiga e navegação inteligente para economia combustível, antecipando aceleração e frenagem de acordo com curvas e topografia da rota à frente.

Todas as versões trazem, ainda, retarder, ABS, freio eletrônico de estacionamento com função hold, assistente de partida em rampa, partida por botão, ar-condicionado digital, duas telas digitais no painel (uma com as principais informações do veículo, outra multimídia sensível ao toque), volante multifuncional com mouse para acionar as funções do painel, celular com espelhamento e carregamento por indução (sem fio), “farol alto inteligente” (mudança automática do foco ao detectar veículo em sentido contrário), sensores de chuva e penumbra e banco pneumático para o motorista com 15 ajustes.

Únicos itens de segurança opcionais são airbag para o motorista e o inédito (e muito caro) sistema MirrorCam, substituindo os retrovisores externos e ampliando o campo de visão do condutor. (Grande chamariz do stand da marca na Fenatran, a versão equipada com MirrorCam era anunciada como “primeiro caminhão sem retrovisores externos da América Latina“.)

Com o novo Actros a Mercedes-Benz estreia o aplicativo MB Uptime, sistema que monitora o veículo, envia informações ao fabricante e às 180 concessionárias da marca e programa manutenções.

Produzido em São Bernardo do Campo, a nova linha chega em seis versões, todas cavalos-mecânicos com transmissão automatizada de 12 marchas: 2653 6×4 (com novo motor de 13 litros e 530 cv), 2651 6×4 (510 cv), 2648 6×4 (480 cv), 2553 6×2 (530 cv), 2548 6×2 (480 cv) e uma inédita 4×2 (2045, com 450 cv). As versões 6×4 podem trazer, como opcional, o novo sistema DLT (Disconnected Liftable Tandem), que permite suspender e desconectar o terceiro eixo quando desnecessário seu uso.

Totalmente nova, a cabine é ampla, com 1,84 m de altura interna e leito de 2,20 m de comprimento e 0,75 de largura (10 cm mais longa e 15 cm mais larga do que a atual). Contém 32 porta-objetos, geladeira de 25 litros e climatizador. A estrela de três pontas na grade frontal é iluminada.

Segundo a empresa, a despeito do volume de tecnologia embarcada, o novo Actros foi lançado com índice de nacionalização de 60%, mais elevado do que o da geração anterior, inicialmente importada em regime CKD e aqui montada, e que levou três anos para atingir nível semelhante. É intenção do fabricante continuar incrementando o conteúdo local (o câmbio automatizado, por exemplo, passará a ser fabricado no país a partir do próximo ano).

Trazendo a mesma mecânica do novo Actros, a geração antiga permanecerá em produção em Juiz de Fora.

Além do Actros, a Mercedes-Benz trouxe para o Salão a nova geração da família de utilitários Sprinter, importada da Argentina, revelada na Europa em 2018 e ainda inédita no Brasil.

 

     

Novo Mercedes-Benz Actros 2648 6×4 com retrovisores virtuais MirrorCam e Volkswagen Delivery 11.180 4×4 (fotos: LEXICAR). 

 

SCANIA

A Scania se dedicou a divulgar sua moderníssima nova geração de caminhões, recém-lançada (clique aqui para saber mais sobre a nova linha). Destaque foi dado à nova linha XT, para aplicações severas, pacote passível de ser especificado para qualquer cabine da marca, bem como à oferta de motorização a gás, a ser comercializada a partir do primeiro trimestre de 2020.

 

VOLKSWAGEN CAMINHÕES

A VWC mostrou muitas novidades em toda a gama. Na linha Delivery, surpresa com o lançamento de uma versão 4×4 para o modelo 11.180. Equipado com motor Cummins de 175 cv, câmbio manual de seis marchas, caixa de transferência Marmon-Herrington com dupla redução, bloqueio no diferencial e pneus de uso misto, tem 4,0 m de distância entre eixos, ângulo de entrada de 300 e PBT de 10,7 t. Como opcionais, grade de proteção dianteira, guincho e faróis de milha. É intenção do fabricante conquistar, com o novo produto, o mercado do Ford F-4000 4×4, que dominava o segmento e saiu do mercado. A família Delivery ganhou, ainda, câmbio automatizado de seis marchas V-Tronic (com opção de modo manual) para os modelos 9.170 e 11.180 4×2.

Na linha Constellation, também os modelos 17.280, 24.280 e 30.280 receberam opção de caixa automatizada (de dez marchas), acompanhada de assistente de partida em rampa e monitor de desempenho em função da carga e topografia do trajeto. O cavalo-mecânico 25.360 passa a vir de série com câmbio automatizado de 16 marchas, cabine-leito de teto alto, retrovisores, vidros e abertura de portas elétricos e faróis auxiliares. Foi apresentada nova versão do vocacional Constellation Constructor 26.260 8×4, 1,2 tonelada mais leve do que a anterior – redução obtida mediante a utilização de rodas de alumínio e suspensão pneumática e o redimensionamento do chassi. O motor é MAN de 256 cv e o câmbio, manual de nove marchas.

A versão Robust foi estendida aos modelos Constellation 14.190, 17.190, 17.260 e 24. 260. Por fim, foram simplificadas as ofertas de acabamento Robust e Prime, a primeira trazendo bancos de vinil, revestimento interno escuro e para-choque dianteiro plástico mais estreito, e a segunda vindo com rádio, revestimentos em tecido impermeável, banco do motorista com suspensão pneumática e leito mais comprido.

 

VOLVO

Sem lançamentos a mostrar, a Volvo criou a série especial 40 Anos para o extrapesado FH e expos o caminhão esportivo Iron Knight, de 2.400 cv, por duas vezes recordista mundial de arrancada na categoria.

 

 

 

 





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