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TANGER | galeria

Marca dos veículos produzidos a partir de 1983 pela Incofer S.A. Indústria e Comércio, empresa carioca criada em 1974 para a prestação de serviços de usinagem e caldeiraria. Seu primeiro carro, projetado por Júlio Sillas (que dois anos depois também criaria o Ragge), foi um buggy de quatro lugares, sem portas, com aspecto de utilitário, a um só tempo sólido e desenho agradável. Naturalmente montado sobre plataforma Volkswagen (encurtada 35 cm), era dotado de faróis retangulares (do VW Voyage), para-brisa curvo (do Brasília), santantônio tipo targa, porta-malas na frente (com espaço adicional para bagagens na traseira) e larga cinta de segurança, integrando os para-choques e envolvendo toda a carroceria monobloco de plástico reforçado com fibra de vidro; as lanternas traseiras vinham do Gol.

Explorando a “dupla personalidade” do carro, seus primeiros anúncios estampavam: “Compre um e leve dois. Comprando um Tanger você leva um carro esportivo, moderno e arrojado como um buggy e resistente como um jipe“. Eram poucos os itens opcionais: somente rádio, bancos reclináveis, pneus largos, meia capota (a capota normal – com bastante área transparente, por sinal – era de série) e pintura metálica. O lançamento foi bem recebido e, se em meio ano a produção já chegava a 12 unidades mensais, dois anos depois saltaria para 20 por semana.

No final de 1984 o carro passou por algumas mudanças: ganhou portas (podiam ser de lona com estrutura metálica ou de fibra de vidro), falsa grade, novo capô e maior espaço no banco traseiro. Em 1986 foi lançado o Tanger Júnior, réplica infantil do jipe, com carroceria plástica (sem para-brisa), chassi tubular, motor Branco refrigerado a ar de um cilindro, dois tempos e 3,5 cv, partida por cordel retrátil, transmissão automática centrífuga por correias e tração traseira por corrente.

Em outubro do ano seguinte, na V Brasil Transpo, o modelo tradicional foi reapresentado com o nome Cabriolé. Tinha a mesma concepção geral, porém trazia muitas alterações estéticas e 29 cm a menos no comprimento (embora preservando a distância entre eixos anterior). O conjunto ótico foi atualizado, agora do modelo Gol mais recente, as lanternas traseiras passando a vir do Fiat Prêmio. O painel era novo, a falsa grade mudou de desenho, tendo substituidos os elementos horizontais por verticais, portas, capô e tampa do motor aumentaram de tamanho, o desenho dos para-choques (ainda integrados à carroceria) foi modernizado, foram abandonadas as barras protetoras laterais e agregados estribos tubulares e entradas de ar adicionais nas laterais traseiras.

A capota conversível ficou restrita à porção posterior à targa, à frente sendo aplicada uma cobertura de lona removível, apoiada a uma nova barra longitudinal, ligando a targa ao quadro do para-brisa. Pela primeira vez foi oferecida extensa lista de opcionais, que iam de grade protetora para os faróis e quebra-mato a guincho elétrico e pneu estepe montado na traseira. O estilo do carro se tornou mais delicado, mantendo personalidade própria e a simpatia do anterior.

No XV Salão do Automóvel, em 1988, foi apresentado mais um modelo, o Tanger Lucena, com teto rígido fixo na frente e capota rígida na porção traseira que, quando removida, podia transformá-lo numa pequena picape. O carro era totalmente novo: ainda que mantivesse forte identidade visual com as versões anteriores, possuía tração dianteira e motor VW 1.8 refrigerado a água montado em carroceria monobloco de plástico reforçado com fibra de vidro, estruturada com tubos de aço. Grade, faróis e para-brisa eram novos (este do Gol), o pneu estepe foi transferido para a tampa traseira e, pela primeira vez nos carros da marca, as portas tinham formato regular. No mesmo Salão foi mostrado o modelo Sevetse, versão do Lucena para plataformas com motor traseiro.

Naquela altura a empresa já operava em novas instalações em Duque de Caxias (RJ), sob a razão social Tanger Industrial Ltda.. A partir daí sua política de lançamentos se tornaria algo anárquica, coexistindo diversos modelos e famílias. Nova – e estranha – linha de carros foi lançada no final da década, com distância entre eixos ainda menor e para-brisa (do Gol) e capô muito inclinados, causando incômoda sensação de altura excessiva e desproporção de massas, especialmente quando equipados com pneus menores. Dois modelos foram apresentados: Redaj (de motor traseiro, correspondente ao Cabriolé) e o novo Lucena.

O Cabriolé original continuou em produção (agora simplesmente chamado Jipe), enquanto que os diversos modelos mudavam em detalhes (para-brisa do Gol no Sevetse, alternância de formato do arco das rodas). No início dos anos 90, já sob o impacto da recessão e da abertura das importações, a Tanger projetou seu primeiro buggy verdadeiro. Embora seguisse a mesma “escola” de capô inclinado e lateral volumosa, o novo carro também trazia soluções agradáveis e bem resolvidas, tais como a barra targa, o para-brisa plano, o grande capô unindo faróis e para-choque, a ampla tampa traseira e a boa integração entre lanternas e para-lamas traseiros. A empresa encerrou as atividades antes de chegar à metade da década.





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