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TRIVELLATO | galeria

Um dos maiores e mais antigos fabricantes de implementos rodoviários do país, a Trivellato S.A. – Engenharia, Indústria e Comércio se originou de uma oficina de solda criada em São Paulo (SP), em 1924. Durante a II Guerra Mundial, se aproveitando do drástico corte na importação de gasolina, passou a produzir aparelhos de gasogênio. Terminada a guerra, deu início à construção de carrocerias-tanque para empresas distribuidoras de combustíveis. Logo reestruturou sua firma, agora sob o nome Oficinas Reunidas Ernesto Trivellato S.A., ampliou as instalações e diversificou a produção, rapidamente se tornando uma das mais ativas empresas do setor.

No final da década de 60 contava com duas grandes fábricas em São Paulo e Rio de Janeiro (respectivamente com 620 e 1.500 empregados) e filiais em outras 16 cidades, além da Argentina e Uruguai. Sua linha de produtos era extensíssima, indo de terceiros-eixos a semi-reboques para até 200 t, passando por escadas giratórias extensíveis para serviços públicos, furgões de alumínio, rolos compactadores rebocados, carrocerias isotérmicas e frigoríficas, basculantes, tanques para todos os tipos de produtos, coletores e compactadores de lixo, guinchos, carros-fortes, comboios de lubrificação e semi-reboques para todos os fins. Também participou, sob coordenação do Exército, do desenvolvimento do VBB, veículo 4×4 de reconhecimento substituto dos obsoletos M8 norte-americanos, para os quais forneceu a carcaça blindada.

Na mesma época – final dos anos 60 – a empresa iniciou testes com caçambas basculantes fabricadas em plástico reforçado com fibra de vidro. Era seu objetivo ampliar a linha de produtos neste material, incluindo cabines, para-lamas e capôs de caminhões (o que de fato ocorreria em 1971). Também entrou no mercado de carrocerias especiais e implementos para utilitários leves.

Inesperadamente, em 1970, apresentou à imprensa o protótipo de um automóvel esportivo com carroceria de dois lugares construída com o mesmo material, ao qual deu o nome Shark. Segundo a administração da Trivellato, o carro tinha projeto próprio, embora não houvesse um criador único: teriam sido estudados vários veículos esportivos e aproveitado “o que cada uma tinha de melhor“.

Montado sobre plataforma Volkswagen sem cortes, tinha motor 1300 com dupla carburação Kadron e 60 cv e enormes capôs para o motor e porta-malas (com falsa entrada de ar) integrados aos para-lamas e abrindo no sentido inverso ao usual, como nos GTs de competição. Internamente trazia requintes como conta-giros, consoles central e no teto e pedais reguláveis em altura. O veículo seria comercializado completo ou apenas a carroceria, pronta, estofada e pintada. “Futuramente vamos idealizar carroçarias esportivas, também para o Opala, Corcel e outros veículos brasileiros“, declararam seus porta-vozes.

Dois meses depois da apresentação do Shark, a imprensa revelou ser o mesmo cópia fiel de um modelo da Fiberfab, grande firma californiana especializada na fabricação de kit cars. Desmascarada, a Trivellato acabou por tirar o carro de produção, após terem sido construídas entre 30 e 40 unidades. Esta fraude, à qual foi ingenuamente induzido o presidente da firma – seu já idoso fundador –, prenunciou o início da decadência da Trivellato.

Em 1977 o catálogo de produtos oferecidos pela empresa contava com 60 páginas, contendo uma infinidade de itens sem foco definido, certamente trazendo dificuldades de coordenação fabril e de controle de custos incontornáveis para uma firma sem renovação administrativa e gerencial, carente de modernização de métodos e excessivamente endividada pela construção de uma fábrica de tubos para gás que não encontrou mercado. A Trivellato contrairia falência em 1986.





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