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WOERDENBAG | galeria

Célebre oficina mecânica de automóveis importados no centro do Rio de Janeiro (RJ), criada em 1922 pelo engenheiro holandês Johanes Gerardus Woerdendag, mais conhecido na área como “João Alemão”. Seus dotes mecânicos foram logo reconhecidos, e antes do final da década sua oficina já se tornaria a única do país autorizada pela Rolls-Royce a realizar serviços de manutenção em seus carros.

Em 1939 Johanes construiu um biposto para disputar a famosa prova Circuito da Gávea, popularmente conhecida como Trampolim do Diabo, pelos perigos do trajeto montanhoso, cheio de curvas e à beira-mar. O carro, que recebeu chassi de desenho e construção próprios, suspensão Alfa Romeo e motor Studebaker de oito cilindros em linha, venceu já a primeira prova importante da qual participou – o III Circuito, em 1940, tendo Rubens Abrunhosa ao volante –, suplantando grandes estrelas do automobilismo mundial de então. Depois de disputar várias corridas (inclusive uma com motor a álcool) o carro foi abandonado por alguns anos.

Johanes teve dois filhos, Thomas e João Luiz (pai do cantor Lobão), ambos também mecânicos conceituados. Em 1952 Thomas decidiu reaproveitar o chassi do biposto e, a partir dele, construir novo carro de competição. Acabou por mudar de planos e projetou um belo e esbelto esportivo de dois lugares, potente, sofisticado e bem acabado. Concluído em julho de 1956, com ele fez sucesso nas ruas do Rio de Janeiro.

Dessa vez utilizou um motor Packard, também de oito cilindros em linha, com quatro carburadores, e uma caixa de câmbio Jaguar. Grande parte dos órgãos mecânicos foi projetada e montada por ele próprio, com peças do mercado ou fabricadas em sua oficina. Foram de sua concepção desde a carcaça fundida para união entre motor, embreagem e câmbio aos tambores de freios de alumínio, às rodas raiadas e à suspensão dianteira independente, com molas helicoidais envolvendo os amortecedores, ao estilo McPherson.

A carroceria, com para-brisa panorâmico, foi moldada à mão em alumínio, recebendo alguns elementos de carros de série importados, como a vistosa grade cromada do inglês Hillman Minx 1954, os faróis do Buick 1953 e as lanternas traseiras do Chevrolet Bel Air 1955. O automóvel foi capa de revista e tema de anúncios, na época. Seu paradeiro era desconhecido, supondo-se que sobreviesse em alguma coleção particular; acabou por ser encontrado, já na segunda década deste século, lamentavelmente abandonado em uma oficina mecânica de São Paulo. Em 2020 foi finalmente adquirido por um colecionador paulista, que aguarda oportunidade para restaurá-lo.

Duas décadas depois de Thomas, foi a vez de João Luiz construir seu automóvel. Em dez meses, a partir de um Ford Maverick 1975, preparou uma elegante picape com capacidade para 400 kg inspirada nos modelos norte-americanos derivados dos grandes carros de passeio de então.

Até seu falecimento, João Luiz foi proprietário da conceituada oficina Motorfix, em Botafogo. A Auto Mecânica Woerdenbag, de Thomas, ainda se encontra em operação, agora no bairro de São Cristóvão, sob o comando da terceira geração da família.





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