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A japonesa Mitsubishi foi das primeiras empresas automobilísticas estrangeiras a manifestar interesse em instalar-se no Brasil: ainda nos idos de 1956, no instante mesmo em que era promulgado o decreto federal que estabelecia as diretrizes para a “criação da Indústria Automobilística Brasileira” e instituía o GEIA, iniciou entendimentos com as autoridades federais visando aqui montar tratores e caminhões diesel. As negociações não tiveram seguimento, porém.

Muitos anos depois, no início da década de 70, quando a Chrysler decidiu fabricar automóveis compactos no Brasil, o Mitsubishi Colt foi um dos modelos cogitados, conjuntamente com um modelo Simca e o Hillman Avenger – este o escolhido. Em outra área, das máquinas de construção, escavadeiras hidráulicas Mitsubishi foram fabricadas por dez anos no país, a partir de 1974, pela gaúcha Clemente Cifali, mediante joint venture firmado entre as duas empresas. Por fim, consta que em 1982 a Mitsubishi teria tentado penetrar no mercado brasileiro por meio da compra da Gurgel, porém João Augusto, seu proprietário, recusou a proposta dos japoneses. A chegada da marca como produtora de carros só aconteceria muitos anos depois. Em 1990, com a abertura do mercado brasileiro, a empresa japonesa voltou a traçar planos para o país procurando terrenos onde se instalar, projeto articulado com o início da importação de um modelo de van, alguns automóveis, a picape L-200 e o futuro best-seller Pajero.

Em 1991 entrou em cena a MMC Automotores do Brasil, empresa do grupo Souza Ramos, uma das maiores concessionárias Ford de São Paulo, ex-proprietária (até novembro do ano anterior) da transformadora SR Veículos Especiais e representante oficial da Mitsubishi no país. A MMC propôs à firma japonesa investir ela própria na produção local, e já em 1995, antes de qualquer dos novos fabricantes ter sequer iniciado a construção de suas plantas, a empresa já montava a picape L-200 na Zona Franca de Manaus (AM), com componentes importados do Japão sob regime SKD, em pouco tempo completando 120 carros/mês. A escolha pelo modelo foi natural: a L-200 vinha sendo a picape importada mais vendida do país, em quantidade quase duas vezes maior do que sua arqui-rival Toyota Hilux. Era sua intenção, porém, a curto prazo também fabricar a linha de caminhões leves Canter.

Os planos da MMC, entretanto, se revelaram muito mais ambiciosos. Enquanto iniciava a operação em Manaus, simultaneamente tratava de providenciar local para a construção de uma linha de fabricação de utilitários e caminhões leves com componentes nacionais. Para isto firmou um acordo de cooperação com a Mitsubishi, mediante o qual esta lhe daria assistência técnica e forneceria know-how (segundo o combinado, a empresa brasileira não teria autorização para colocar os veículos em mercados servidos pela montadora japonesa, impedimento que viria a ser parcialmente cancelado em outubro de 2002, ao serem permitidas vendas para o México e Mercosul). Assim, optando por ter o controle do negócio, sua decisão foi assumir sozinha os investimentos, limitando os vínculos com os japoneses aos direitos de fabricação, apoio técnico e consultas mútuas na área de mercado.

A nova fábrica, localizada em Catalão (GO), foi inaugurada no último trimestre de 1998, com capacidade de produção de quatro mil unidades/ano. O interesse da MMC era pela região Sudeste, porém os incentivos oferecidos levaram-na para Goiás. O primeiro produto de Catalão foi a picape L200 cabine dupla, que saía da linha de montagem com pouco mais de 50% de nacionalização; chassi, motor e caixa eram importados do Japão e a carroçaria (com componentes importados) era fornecida, já pintada, pela unidade mineira da Brasinca. O carro, de concepção técnica convencional, tinha tração total, motor diesel com 2,5 litros e 87 cv, cinco lugares e capacidade de carga de 1.050 kg. Era oferecido em duas versões – GL e GLS, visualmente as duas se diferenciando pelos arcos salientes montados nos para-lamas. Mesmo a mais cara tinha design interno elementar e ultrapassado; o acabamento era insuficiente. Seu comportamento no uso fora do asfalto, no entanto, era excelente, o que foi logo reconhecido.

O PRIMEIRO L200: SUA FICHA TÉCNICA: chassi escada, cabine dupla com quatro portas, cinco lugares; caçamba com 1,43m de comprimento; capacidade total de 1.050 kg;  4,92 m de comprimento; vão livre de 22,5 cm; motor diesel Mitsubishi longitudinal dianteiro refrigerado a água com turbocompressor, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, 2.477 cm3 e 87 cv; tração traseira ou 4×4; caixa manual de cinco marchas, com reduzida para a versão 4×4; direção hidráulica; suspensão independente com barras de torção na dianteira e eixo rígido com molas semi-elípticas na traseira; freios a disco ventilados na dianteira e tambor na traseira.

Desde o início a MMC soube se aproveitar do excepcional desempenho da Mitsubishi japonesa em ralis e raids internacionais (em 2003 a marca vencia pela 8ª vez o dificílimo rali Paris-Daka). Os próprios proprietários da MMC eram iatistas e pilotos e investiram no potencial esportivo da marca. Já em janeiro de 1999 a empresa inaugurou em São Paulo a primeira pista-escola para veículos 4×4 do Brasil, simultaneamente criando uma nova categoria de competição, a Mitsubishi Cup, especialmente para os carros de sua fabricação.

Em março lançou a versão L200 R, especialmente equipada para o esporte fora-de-estrada. De forma a atender às normas de segurança da FIA, muitas mudanças foram introduzidas no carro, além daquelas usualmente aplicadas na preparação esportiva de picapes: turbocompressor com intercooler, elevando a potência para 115 cv; entrada de ar sobre o capô; portas e capô de fibra de vidro; portas traseiras não operacionais e sem janelas; vidros laterais substituídos por poliuretano; rede plástica no lugar da tampa traseira da caçamba; dois bancos concha com cintos de quatro pontos; painel reequipado; eliminação dos revestimentos internos para redução de peso; gaiola tubular de reforço da cabine; chapa de proteção do cárter; pedais e volante esportivos. Além da instalação do turbo, a única outra alteração mecânica foi a colocação de mais um amortecedor por roda. Com produção anual prevista de apenas 20 unidades, a L200 R era preparada numa revendedora autorizada paulistana da marca. (O modelo seria atualizado em 2002 – versão L400 RII –, quando ganharia mais dez cavalos de potência e extintor e corta-corrente acionados externamente à cabine.)

Em outubro de 1999, usando da sua experiência anterior na SR, a MMC procedeu à primeira atualização mecânica e de estilo na picape – todas as alterações tendo sido concebidas no Brasil, porém autorizadas pelo Japão. As mudanças foram poucas porém marcantes, modernizando o visual do veículo: foram alterados para-choques e grade dianteiros, os faróis retangulares foram substituídos por circulares e o capô ganhou uma entrada de ar falsa, porém simpática. O painel de instrumentos foi equipado com inclinômetro, altímetro e bússola digital; o volante também mudou. Pelo lado mecânico, a suspensão foi disponibilizada com quatro diferentes opções de regulagem: normal, suave, heavy duty e sport, as duas últimas com dois amortecedores por roda, como na versão rali. No mesmo ano começaram as obras de ampliação da fábrica de Catalão.

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Outdoor foi a denominação assumida pela picape Mitsubishi L200 em 2006.

(Enquanto se firmavam no mercado, as picapes da MMC estiveram prestes a receber a companhia do primeiro automóvel Mitsubishi fabricado no Brasil. A hipótese foi seriamente estudada pela Mercedes-Benz, no ano 2000, como alternativa para a grande ociosidade da planta de Juiz de Fora, onde era produzido o modelo Classe A, em contínua queda de vendas. A firma alemã, na época, detinha 34% do capital da Mitsubishi japonesa, participação da qual se desfez quatro anos depois.)

Em junho de 2001 foram introduzidas mais algumas pequenas alterações na L200, outra vez por iniciativa da MMC e com design nacional: novos para-choques e arremates dos arcos das rodas, skip-plate (chapa plástica sob o para-choque dianteiro para facilitar a travessia de superfícies alagadas), volante com quatro raios, banco traseiro mais espaçoso e placa de cobertura da saída de ar da cabine junto às portas traseiras pintada na cor da carroçaria. No mês seguinte uma grande surpresa: a apresentação de uma picape cabine-simples totalmente original, projetada no Brasil pela MMC com o apoio da equipe de rali da Mitsubishi: L200 Evolution. O carro trazia o que existia de mais atualizado em arquitetura automobilística: chassi tubular, suspensão independente com molas helicoidais nas quatro rodas, freios a disco idem, ABS, controlador de frenagem, carroceria e caçamba em peça única de material plástico, da mesma forma que o conjunto capô/para-lamas/para-choque dianteiro – tudo isto pesando apenas 50 kg e com 31 cm de vão livre. A mecânica era importada, a mesma utilizada no Mitsubishi Pajero Full: motor turbodiesel 3.2 16 válvulas com 168 cv e transmissão 4×4 com diferencial central.

A MMC teve que criar uma nova empresa, especialmente para a construção do Evolution – a HPE (High Performance Equipment), situada ao lado da usina de Catalão. A separação entre as razões sociais MMC e HPE foi necessária em função da proibição contratual imposta pela Mitsubishi de exportação dos carros de sua marca produzidos no Brasil: além de construir veículos esportivos era objetivo da HPE inscrevê-los em provas nacionais e internacionais. O novo carro foi colocado em teste no Rally Internacional dos Sertões daquele ano, onde foi o segundo colocado. No ano seguinte quatro Evolution foram exportadas para a França e, em dezembro, dois outros foram inscritos no rali Paris-Dacar 2002-2003. Até o final de 2002 18 unidades haviam sido construídas. Em 2002 HPE passou a ser a denominação da versão mais completa do L200.

Em junho de 2002 foram concluídas as obras de ampliação da fábrica de Catalão. A MMC, que na época da implantação não chegara a pleitear os benefícios federais do Regime Automotivo, aproveitou a reabertura do programa em 1999 para investir no aumento da capacidade para 30 mil veículos/ano (em dois turnos), com expansão de mais de 140% na área construída – operação facilitada pela flexibilidade de lay-out pensada para a planta desde a fase de projeto. Com a fábrica ampliada chegou um novo carro, o SUV leve Pajero iO, aqui batizado TR4, primeiro sport-utility do país. Desenhado pelo estúdio italiano Pininfarina, o iO nacional trouxe algumas simplificações estéticas, especialmente na moldura dos faróis, grade, capô e para-choques. O compartimento de bagagens teve o piso rebaixado e se tornou o maior da categoria. A mecânica era importada do Japão: motor 2.0 16v com 131 cv e caixa Super Select, com quatro alternativas de tração: 4×2, 4×4 on-road, 4×4 off-road com bloqueio de diferencial e 4×4 reduzida. De concepção muito mais moderna do que a picape L200, o TR4 vinha com carroçaria monobloco (com sub-chassi integrado na frente), diferencial central e suspensão independente na dianteira e semi-independente na traseira, reforçada para as estradas brasileiras. Ar condicionado e CD-player eram itens de série e ABS, transmissão automática e bancos de couro oferecidos como opcionais.

O PRIMEIRO TR4: SUA FICHA TÉCNICA: carroceria monobloco, cinco portas, cinco lugares, bagageiro com 500 litros, 4,03 m de comprimento; motor longitudinal dianteiro a gasolina refrigerado a água, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.999 cm3, 131 cv; alimentação por injeção eletrônica multiponto seqüencial; caixa manual de cinco marchas ou automática de quatro marchas; tração 4×2 traseira ou 4×4; direção hidráulica; suspensão McPherson na dianteira e semi-independente na traseira (multilink de cinco braços, eixos de torção e molas helicoidais progressivas); freios a disco ventilados na dianteira e a tambor na traseira; ângulo de ataque: 38°, ângulo de saída: 41°, vão livre: 21,5 cm, vau máximo: 50 cm, rampa máxima: 70%.

Os investimentos processados pela empresa não visaram apenas aumentar a capacidade de produção e lançar novos produtos, mas também incrementar o índice de agregação local. Com eles, foram viabilizados serviços locais de soldagem, tratamento e pintura das carroçarias. Quanto às peças estampadas, permaneceriam de responsabilidade de terceiros (no caso da picape, a cabine completa continuava a ser fornecida pela Usiparts, sucessora da Brasinca). Com o novo esquema, o TR4 conseguiu alcançar índice de nacionalização de 60%.

Em agosto de 2003 a picape passou por sua primeira verdadeira reestilização, desta vez muito mais profunda do que a anterior. Recebendo o nome L200 Sport, era o mesmo modelo fabricado na Tailândia, para o mercado europeu. Como sempre, recebeu toques nacionais, da própria MMC, tais como os faróis e lanternas redondos. Fornecida nas versões GLS e HPE (manual ou automático), seu motor 2.5 ganhou alguns periféricos mais modernos (novo intercooler, bomba eletrônica de combustível, turbina de geometria variável), que elevaram a potência para 121 cv (na versão GLS) e 141 cv (na HPE), esta ainda dispondo de air-bag duplo e ABS nas quatro rodas. A antiga L200 continuava disponível, em três versões: GL, GLS e na nova Savana, esta totalmente equipada para “expedições” fora-de-estrada: além de para-choque e ressaltos dos para-lamas na cor grafite, tinha snorkel (permitindo a travessia de lâminas d’água de até 70 cm), bagageiro no teto com escada, guincho elétrico, quebra-mato, pranchas de desencalhe, dois galões de combustível, compressor de ar para os pneus, pás e dois baús com tampa na caçamba.

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Primeiro SUV nacional, o Mitsubishi TR4 foi lançado em 2002; a versão aqui mostrada é a de 2009.

A estratégia empresarial da MMC se distinguia claramente do restante da indústria: versões diversificadas em torno de apenas dois modelos básicos; participação vitoriosa em ralis; toque pessoal em tudo o que fabricava (uma herança da SR); ênfase no desempenho, e não na sofisticação e luxo; importação dos principais elementos mecânicos, dispensando investimentos de lento retorno, em função da pequena escala e das oscilações do mercado. Lentamente a empresa se firmava e colhia bons resultados – esportivos, de crítica e de mercado. Na altura, já promovia três tipos de eventos esportivos para proprietários de seus veículos: Mitsubishi Motorsports (rali de regularidade com 11 etapas anuais), Mitsubishi Outdoor (encontro esportivo e de lazer), além do rali de velocidade Mitsubishi Cup. Tamanho marketing trouxe frutos, e a marca venceu quase todos os ralis brasileiros em 2003, inclusive o dos Sertões – o mais importante deles.

Era unanime na imprensa especializada o elogio à excelente estabilidade e ao desempenho fora-de-estrada de seus produtos (da mesma forma que unânimes eram as críticas ao mau acabamento). A L200 encerrou o primeiro semestre de 2003 como a segunda picape mais vendida do país, atrás apenas da mais do que veterana S10, da Chevrolet, e a primeira entre as picapes 4×4 cabine dupla diesel. Em um ano ruim para o setor, onde a venda de picapes médias encolheu 54%, a L200 recuou somente 6% (caso se inclua a TR4, a MMC cresceu 8,4%). A TR4, por seu lado, foi consagrada “a melhor do ano” pela revista Motor Show, na categoria SUV, concorrendo com mais 13 modelos nacionais e importados. Finalmente, Eduardo Souza Ramos, presidente da empresa, foi indicado melhor executivo de montadora pelo Prêmio Top Car TV 2003, no qual votaram 17 jornalistas de televisão especializados em automobilismo.

Em julho de 2004, por exigência da legislação esportiva, só permitindo homologação de carros de uso urbano, a MMC lançou uma pequena série “de rua” (60 unidades) da picape preparada para ralis, rebatizada L200 RS. Com 183 cv, o carro foi dotada de turbo intercooler, comando da caixa por varão, bloqueio automático do diferencial e dois amortecedores por roda, com reservatório externo de nitrogênio. Projetado e construído pela HPE, o carro tinha carroceria de plástico kevlar montada sobre uma gaiola tubular fixada ao chassi. Para o XXIII Salão do Automóvel, no final daquele ano, a empresa preparou um moderníssimo protótipo de competição criado no Brasil, ao qual chamou L200 Evolution III, com estrutura tubular, tração 4×4 permanente, suspensão independente nas quatro rodas e portas asa-de-gaivota, utilizando um motor turbodiesel 3.2 montado em posição central.

Mais um novo modelo foi lançado em março de 2006: o Pajero Sport, diferente do original japonês na grade, para-choques, brake-light e vidro traseiro; o piso do compartimento de bagagens foi rebaixado e a suspensão ajustada. Motor, transmissão e eletrônica eram importados.

O PRIMEIRO PAJERO SPORT: SUA FICHA TÉCNICA: carroceria monobloco, cinco portas, cinco lugares, bagageiro com 1.750 litros (até o teto), 4,69 m de comprimento; motor longitudinal dianteiro a gasolina refrigerado a água, V6 24 válvulas, 3.497 cm3, 202 cv; alimentação por injeção eletrônica multiponto seqüencial; transmissão automática de quatro marchas; tração 4×2 traseira ou 4×4; direção hidráulica; suspensão independente com braços triangulares e barras de torção na dianteira e eixo rígido e molas helicoidais na traseira; freios a disco ventilados na dianteira e sólidos na traseira; ângulo de ataque: 37°, ângulo de saída: 28°, vão livre: 21,5 cm, rampa máxima: 70%.

Poucos meses depois do Pajero Sport, o TR4 foi reapresentado com faróis e lanternas traseiras redondos, novos para-choques e bagageiro de alumínio (opcional) no teto. No mesmo ano a MCC preparou mais duas versões da picape: a chamada Mine, especialmente desenvolvida para o trabalho pesado em mineradoras e canteiros de obras, com estrutura e suspensão reforçadas, alternador e esguicho do limpa-brisa mais potentes e chicote elétrico auxiliar, permitindo a instalação de rádio, lanternas sinalizadoras e outros equipamentos sem sobrecarga ao sistema; e a Outdoor, substituindo a L200 Sport, nas variantes GLS e HPE, mais equipada e trazendo grade pintada na cor do carro e para-choques, rodas de liga e molduras dos faróis e dos para-lamas em grafite.

Em junho de 2007 o jipe TR4 passou a ser oferecido na versão flex. Ganhou tanque plástico de maior capacidade e dois cavalos a mais de potência (133 cv) quando alimentado a álcool: foi não apenas o primeiro 4×4 flexível nacional, como o primeiro veículo flex da Mitsubishi mundial. O projeto de conversão do motor foi realizado no Brasil.

Em novembro a MMC lançou uma picape completamente nova, a L200 Triton, para fazer frente à enorme Toyota Hilux importada da Argentina, que desde que dois anos antes chegou ao mercado não cessava de avançar. Apresentado apenas em cabine-dupla, como as demais picapes MMC, o novo carro era mais moderno em design e concepção tecnológica, trazendo carroceria com deformação controlada, espaço interno e conforto de automóvel médio, acabamento caprichado e motor diesel common-rail (3.200 cm3 e 165 cv). Tinha caixa manual de cinco marchas ou automática de quatro, suspensão dianteira independente (braços triangulares e molas helicoidais) e eixo rígido com feixe de molas na traseira, tração traseira ou 4×4 com reduzida, freios a disco ventilados na frente e tambor atrás, ABS e direção hidráulica; também estava disponível um motor V6 a gasolina, o mesmo do Pajero Sport.

A MMC procurou situar o Triton como top de linha, para isso apresentando-o em apenas uma versão, HPE, equipada de série com o melhor em segurança e conforto: ABS, air-bag duplo, coluna de direção deformável, travamento das portas a distância, ar condicionado automático, rádio, CD-player com MP3, entrada para i-Pod e USB, revestimento de couro, banco do motorista com ajuste de altura, banco traseiro com descanso central, rebatimento elétrico dos retrovisores, 19 porta-objetos e nove luzes de cortesia, entre muitos outros. A produção foi iniciada com índice de nacionalização ainda reduzido, em torno de 40%. Dos modelos anteriores permaneceriam em linha as versões L200 GL 4×4 (com o visual da Outdoor), Outdoor GLS e Outdoor HPE.

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Lançado no Salão do Automóvel de 2014, o sedã Lancer foi o primeiro carro de passeio Mitsubishi fabricado no país (foto: LEXICAR).

A Mitsubishi apresenta uma trajetória peculiar no cenário da indústria automobilística brasileira, a começar por sua localização no Planalto Central. Seus veículos são fabricados por um grupo empresarial 100% brasileiro, se concentra na produção de utilitários 4×4, investe fortemente no marketing esportivo e apresenta grande dinamismo na renovação dos modelos. Ainda que o índice de nacionalização seja limitado (os principais órgãos mecânicos são importados, a fabricação local inviabilizada pela escala reduzida), a empresa não se furta a conferir personalidade própria aos seus carros, a eles agregando soluções estéticas sempre definidas no país. Tendo partido de um investimento inicial extremamente reduzido (US$ 35 milhões) frente às centenas de milhões dos outros fabricantes, a MMC traçou um plano de inversões de longo prazo cumprido sem descontinuidade, que em oito anos permitiu multiplicar por sete a área construída e decuplicar a capacidade da planta. A produção anual cresceu ininterruptamente, passando de 3.098 unidades em 1999 (primeiro ano de fabricação plena), para 37.203 em 2008, ou 12 vezes mais; no mesmo período, alguns dos concorrentes recentemente chegados já haviam abandonado o mercado. Mais de 200 mil veículos já foram fabricados no país pela MMC.

A Mitsubishi japonesa parece satisfeita com o desempenho da MMC e por nenhuma vez durante a década manifestou desejo em investir ou em promover a produção própria de automóveis no país – ao contrário, acordou que o Lancer, primeiro carro de passeio brasileiro da marca, seria fabricado a partir de 2014 em Catalão, pela própria MMC. A única demonstração formal de interesse do conglomerado japonês no setor automotivo brasileiro se deu em maio de 2005 com a inauguração, em São Paulo (SP), da Mitsubishi Indústrias Pesadas do Brasil, filial responsável pela importação e comercialização de equipamentos de construção; na época, foi declarada a intenção futura – ainda não concretizada – de montagem local de alguns modelos de máquinas.

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O que houve de novo a partir de 2008

Séries especiais

L200 Sport Nelore (01/04), TR4 Long Range (09/05), Pajero Sport Dakar (03/09), L200 Savana 15 Anos (04/09), L200 Triton Savana (05/14, 06/15), TR4 O’Neill (10/14), L200 Triton Chrome Edition (07/15), L200 KTM Series (10/15), ASX O’Neill (10/15), L200 Outdoor (04/16), L200 Sport Outdoor (09/19), L200 Triton Motorsports (06/20), Eclipse Cross Sport (07/20, 05/21, 04/23, 08/23), Eclipse Cross Outdoor (07/20), L200 Triton Sport Sertões (10/20, 08/22), Outlander Black Edition (08/21), L 200 Triton Sport Rally dos Sertões (10/22), L200 Triton Sport Savana (04/23), L200 Triton Savana Sertões (08/23), Eclipse Cross Rush (01/24)

Outras premiações e distinções (modelos nacionais)

L200 (O Melhor Carro do Brasil 2005, categoria Pick-up; revista Carro); TR4 (Melhor Compra 2006, categoria Jipes; revista 4 Rodas); L200 Triton (Veículo Comercial Leve do Ano; Prêmio AutoData 2008); L200 Triton (Destaques Motor Show 2008, categoria Picape Média/Grande); L200 Triton (Melhor Pick Up do Ano; Car Awards 2009); L200 Triton flex (Destaques Motor Show 2009, categoria Picape Grande); L200 Triton (Best Cars 2010, categoria Pick-up; revista Carro); L200 Triton (Best Cars 2011, categoria Pick-up; revista Carro); L200 Triton HPE 3.2 4×4 automático (Melhor Compra 2015, categoria “Picape Média Diesel“; 4 Rodas); L200 Sport (Qual Comprar 2023, categoria Melhor Picape Média/GrandeAutoesporte)





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