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MÜLLER (i) | galeria

A Müller S.A. Indústria e Comércio foi fundada em 1956, no Rio de Janeiro (RJ), desde o início especializando-se no projeto e produção de máquinas para compactação de solos. Inicialmente fabricando apenas rolos rebocados (lisos, de pneus e tipo pé-de-carneiro), gradualmente ampliou as atividades, passando a aceitar encomendas de caldeiraria pesada e diversificando a linha de produtos, que veio a incluir usinas de asfalto sobre caminhão e seus primeiros equipamentos autopropelidos.

A oferta de modelos veio crescendo continuamente, e em 1970 já compreendia uma dúzia de compactadores de solo, sempre com projeto próprio, utilizando motores diesel Deutz, MWM ou Mercedes-Benz – seis com rolos lisos (TR-12, 14 e 16, de três rodas, com 54 cv e peso com lastro máximo entre 10 e 14 t; e RT-62, 82 e 102, de dois rolos, com 33 e 54 cv e peso máximo entre 6 e 10 t) e cinco sobre pneus (AP-90, 91, 120, 200 e 350, com potências entre 54 e 125 cv e peso máximo lastreado entre 7,5 e 28 t). Alcançando índice médio de nacionalização de 75%, com eles a Müller já se tornara o maior fornecedor do país no segmento. Na altura a empresa já havia lançado seu primeiro rolo vibratório, o pequeno modelo de dois rolos VT-8, com 1,1 t e motor Briggs & Stratton a gasolina de 9 cv.

Nos três anos seguintes a linha foi revista e modernizada. A gama de compactadores de três rodas, em desuso, ficou reduzida ao modelo médio TR-14, enquanto que a linha de máquinas sobre pneus foi substituída por cinco novos modelos: AP-12, 20, 21, 26 e 35, com pesos de 12 a 35 t (com lastro máximo), os quatro primeiros impulsionadas por motores Mercedes-Benz de 55 e 130 cv e, o último, por um Perkins de 125 cv. Ainda na primeira metade da década de 70 duas novas máquinas foram lançadas: o primeiro trator compactador e a primeira (e única) escavadeira hidráulica da marca.

Equipamento do tipo tamping, o trator TC-15 tomou como base uma carregadeira articulada Yale, que recebeu uma lâmina lâmina espalhadora frontal e teve os pneus substituídos por quatro tambores pés-de-carneiro. Com 8,8 t, a máquina era dotada de motor Mercedes-Benz de 140 cv, tração nas quatro rodas e quatro marchas reversíveis. A escavadeira hidráulica 702 M, por sua vez, era um modelo leve sobre pneus 702 M, com 10,1 t e 52 cv, fabricado sob licença da empresa alemã Fuchs (que a partir de 2002 passaria ao controle da Terex). A máquina, que rapidamente alcançou 70% de nacionalização, permaneceu por cerca de dez anos em produção. (Este foi seu último equipamento Müller a trazer motores Deutz; logo a seguir, com o encerramento da produção das fábricas brasileiras da Deutz, a Müller substituiu-os por unidades Mercedes-Benz e Perkins.)

Em 1974 foi atingida a marca de 7.500 máquinas fabricadas. Mais uma importante novidade foi mostrada no ano seguinte: o compactador vibratório VAP-70, com 9,3 t e motor Mercedes-Benz de 217 cv – o primeiro de fabricação nacional com dispositivo automático de ajuste da amplitude do impacto em função do serviço executado. O lançamento seguinte foi o compactador tamping TC-20, com 20,0 t e motor Cummins de 240 cv.

Apesar de todo seu dinamismo, a Müller ocupava um modesto 15º lugar em receita entre os fabricantes de máquinas rodoviárias do país. Como forma de conquistar mercado, a empresa escolheu ingressar no segmento de máquinas pesadas sobre pneus, lançando-se num ousado processo de diversificação que daria origem, uma década depois, a um vasto catálogo, incluindo tratores agrícolas e caminhões fora-de-estrada. Ainda em 1977, antes de dar partida ao programa, ainda teve oportunidade de  lançar o maior compactador vibratório do país: o modelo articulado VAP-72, de 16,2 t, com motor Mercedes-Benz turbo de 140 cv e transmissão hidrostática.

Já compondo a nova estratégia comercial da Müller, logo chegou o articulado TM-25, então o mais potente trator agrícola brasileiro sobre pneus. Projetado pela própria empresa, tinha tração nas quatro rodas, motor Cummins de 235 cv, caixa de seis marchas com redução, freio a disco na entrada do diferencial dianteiro, direção hidrostática e cabine com ar condicionado. Com 12,5 t e capacidade de tração de 21,1 t, foi lançado com o elevado índice de nacionalização de 93,3% (somente o câmbio e alguns rolamentos eram importados). Em 1980, na II Brasil Transpo foram lançados mais um compactador vibratório autopropulsado (VAP55) e o trator industrial TI25, derivado do trator agrícola, destinado a tracionar e empurrar scrapers em canteiros de obras e grandes construções.

O fôlego da empresa parecia inextinguível. Logo foi colocado em produção um trator industrial mais pesado, TI36, com motor Cummins de 335 cv e caixa de quatro marchas com conversor de torque, e o trator florestal TS22, skipper (para arraste de toras) com Cummins de 152 cv e três marchas com conversor. Muitos outros modelos ainda seriam lançados, apesar da recessão que paralisou o país no início dos anos 80, interrompendo obras públicas e encolhendo o mercado de máquinas de construção.

Até a década seguinte, além do skipper e dos dois tratores industriais seriam sete agrícolas 4×4, entre 7,6 e 15,3 t de peso operacional, todos articulados e com chassi oscilante (do TM12, com motor MWM de 5.883 cm3 e 122 cv, ao TM31, Cummins de 14.011 cm3 e 290 cv, passando pelo TM14, 16, 17, 25 e 28) e três compactadores (TC15, 18 e 28), um deles com versão para aterros sanitários. Quanto aos compactadores de solo, ficaram em segundo plano. Os modelos tradicionais foram atualizados e apenas dois novos surgiram: VAP70 (Cummins de 152 cv), com rolo liso ou pé-de-carneiro, e o tandem vibratório VT45 (Cummins de 75 cv). O índice de nacionalização era elevado, superior a 95% mesmo nas máquinas mais complexas.

Enquanto isso a Müller investia pesadamente em mais um segmento: em 1982 adquiriu da norte-americana Wabco sua divisão de caminhões fora-de-estrada Haulpak, continuando a produzi-los com o nome original na fábrica de Sumaré (SP). No ano seguinte firmou contrato com a canadense Atlas, adquirindo o direito de fabricar vagões para construção civil – equipamentos com descarga lateral, traseira ou de fundo rebocados por tratores de motoscrapers Wabco, Caterpillar ou Terex (capacidades de 30 a 150 t) ou por cavalos-mecânicos convertidos pela própria Müller (de 23 a 85 t).

Com relação aos caminhões fora-de-estrada Wabco, a Müller logo tratou de aumentar o conteúdo nacional dos veículos, elevando-o para 70%. Cerca de 180 modelos diesel-elétricos 120D, para 120 t, seriam produzidos até 1990, alguns exportados para Peru e Zâmbia. Entre 1985 e 1986, 19 caminhões 170D foram fornecidos para a CVRD, para operação nas minas de Carajás (PA). Mesmo estes gigantes, com capacidade para 170 t, alcançavam 65% de conteúdo nacional, sendo importados somente motores diesel Cummins de 1450 cv e o sistema elétrico GE.

Em paralelo a Müller começava a preparar um novo modelo para 27 t, lançado em 1988 com a sua marca: o RD 250. Era um caminhão simples e sem sofisticação, com motor e transmissão Scania (294 cv, 10 marchas sincronizadas à frente e duas a ré), embreagem assistida e refrigerada, tração traseira com diferencial autoblocante, suspensão por feixe de molas na frente e eixo rígido fixo no chassi atrás, freios pneumáticos a tambor e direção hidráulica. (Anos depois o conjunto propulsor seria substituído por um motor Cummins de 290 cv com caixa automática.)

Modelo maior e tecnicamente mais aprimorado foi apresentado em 1990, o RD 350, para 35 t. Dotado de caçamba com capacidade para 26 m³, tinha motor Cummins de 450 cv, transmissão automática, suspensão hidropneumática independente nas quatro rodas, freios com e sistema de compensação para pistas escorregadias, retardador e cabine com ar condicionado. Juntamente com o lançamento, a produção de caminhões foi transferida de Sumaré para o Rio de Janeiro. Em 1995 a Müller colocou no mercado sua primeira (e única) retroescavadeira, modelo RM80, com motor MWM de 76 cv, três marchas com reversão e direção hidrostática.

O lançamento – algo extemporâneo frente à sua já longa vocação pela produção de equipamentos pesados – poderia prenunciar as dificuldades enfrentadas pela empresa para permanecer num mercado cada vez mais competitivo e internacionalizado. Com gigantes multinacionais do porte da Caterpillar, AGCO e CNH disputando o setor, a Müller via suas vendas diminuírem contínua e irreversivelmente. Ainda que tradicionalmente exportasse em torno de 10% da produção para mais de 50 países, inclusive europeus, sua participação no mercado interno tornara-se diminuta: em 1998 sua extensa linha de tratores agrícolas pesados conquistaria somente 0,6% de participação no segmento. No início do século a produção voltara a se concentrar nos equipamentos de compactação, significativamente permanecendo ou retornando à linha todos os modelos originários das décadas de 60 e 70 (RT82; VT8 e 45; VAP55 e 70; AP23, 26 e 30). Quanto aos tratores, foram mantidos o compactador TC18, o florestal TS22 e três agrícolas, TM16, 17 e 31; os demais modelos e os caminhões foram descontinuados.

Em 2002 a Müller encerrou as atividades e negociou com a Proton Primus Máquinas e Equipamentos Ltda. as licenças de uso da marca e de fabricação de seus equipamentos. A produção de algumas máquinas foi retomada em novas instalações, em Mesquita (RJ). A partir de então algumas novidades foram introduzidas pela Proton. Em 2003, na feira M&T, foi lançado o compactador vibratório articulado VT 10, com motor diesel Agrale de 14 cv refrigerado a ar e transmissão hidrostática; na edição seguinte, em 2006, lançou o rolo VAP 120 (12 t) e AP 26H (sobre pneus com transmissão hidrostática) e alterou o design dos modelos VAP 55 e 70, utilizando painéis, para-lamas e capôs de plástico reforçado com fibra de vidro; na M&T 2009 mostrou o protótipo de dois novos compactadores hidrostáticos sobre pneus, AP25 e 28 FH, com lançamento anunciado para o ano seguinte. Além destas, em 2010 a Proton fabricava cinco outras máquinas compactadoras (as tradicionais VT8, RT82, TC18 e AP 26 e 30), o trator florestal TS22 e os antigos agrícolas TM16 e 31, então denominados STA 160 e 310, este último com motor Scania turbo intercooler de 310 cv.

Reorganizada em três linhas – Compactadores, Florestal e Agrícola – em 2015 a gama de produtos da Proton totalizava uma dezena de equipamentos, alguns em diversas versões: três compactadores articulados de solo (VAP 55, VAP 70, TC 18), três articulados de rolo para asfalto (VT 10, VAP 55, VAP 70), três compactadores de pneus (AP 26, AP 30) e o skidder florestal TS 22. A empresa promete para breve o lançamento do compactador tandem de rolos RTV 110 e dos tratores agrícolas STA 160 e STA 310 (os antigos TM16 e 31, a serem reapresentados respectivamente com motor Cummins de 152 cv e doze marchas e Scania de 310 cv e 28 marchas).

Em 2017, a marca Müller e os direitos de produção de suas máquinas foram adquiridos pela LDA Equipamentos Rodoviários e Agrícolas, fabricante de implementos rodoviários e equipamentos de construção de Sumaré (SP). No ano seguinte o espólio da marca novamente mudou de mãos, dessa vez passando para o Grupo Romac, de Gravataí (RS), desde 1986 representante para o Sul do país de diversos fabricantes estrangeiros de máquinas pesadas.

A Romac passou a fabricar, sob demanda, dois modelos de compactadores Müller, até que, decidida a fortalecer seu braço industrial, em outubro de 2020 adquiriu a divisão de equipamentos de construção da Randon, a um só tempo assumindo projetos e ferramentas para a produção de retroescavadeiras, mini-escavadeiras e caminhões fora-de-estrada e herdando toda uma rede de distribuição e assistência técnica. A produção seria iniciada, em Gravataí, tão logo fossem instalados os equipamentos e ferramental necessários. A empresa pretendia manter o nível de produção da Randon – entre 40 e 50 unidades/mês -, para isso contando aumentar o quadro de pessoal industrial, de 35 para 80 trabalhadores. Em paralelo, o projeto e os direitos de fabricação de algumas máquinas de origem Müller foram repassados para a paulista Romanelli, que passou a produzi-las a partir de 2022.

A Romac não tardou a lançar o primeiro produto da linha Randon, já com a marca Müller – a retroescavadeira MR 406, com peso operacional de 7,5 t, motor Perkins de 100 cv, transmissão automatizada e tração 4×4. Em maio de 2021 chegou o caminhão MDT 430, para 30 t, com as mesmas características do anterior Randon RD 430Me, dentre elas o motor Scania de 350 cv e a transmissão automática com conversor de torque e retarder. Ambos os veículos destinam-se ao mercado brasileiro e à exportação para a América Latina e África.

O que houve de novo a partir de 2023

 

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