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Mais antiga transformadora de veículos em operação no país, a Sulam Equipamentos Esportivos Ltda. foi criada em 1973, em São Paulo (SP), como construtora e preparadora de karts de competição (foi em um kart Sulam que Ayrton Senna conquistou seu primeiro título brasileiro). Sua atuação como transformadora começou discretamente em 1978, quando apresentou no XI Salão do Automóvel o modelo SR/T, versão targa do Ford Corcel, dois anos depois seguida do Volkswagen Gol e Fiat 147 cabriolet (chamado Sulam 130 SC, na verdade derivado da picape Fiorino).

Em 1980 a Sulam começou a construir um Fusca conversível, replicando a versão alemã da Karmann; cerca de 60 foram fabricados até a produção ser suspensa, antes de findar a década. O XII Salão, em 1981, mostraria três novos modelos, todos da linha Volkswagen: um Voyage conversível, o Voyage-Sul, versão targa do três-volumes, e o Passat sedã; os três traziam nova grade e quatro faróis retangulares. A empresa trabalhava – e assim faria sempre – com carros novos ou usados, fornecidos pelo cliente. (Participavam da direção da firma, na altura, os pilotos de kart e stock-car Carol Figueiredo – com passagem pela Dacon – e José Giaffone.)

Em 1983 a Sulam entrou no florescente mercado de picapes transformadas. E começou por cima, não lançando apenas uma cabine-dupla, mas um luxuoso modelo Blazer, primeiro do gênero no Brasil, inspirado no original da GM norte-americana. Como base foi utilizada a picape Chevrolet C-10, com entre-eixos encurtado 35 cm e suspensão 6 cm mais alta. Com duas portas laterais e uma grande tampa traseira, de abertura para o lado, tinha laterais contínuas, sem sinais da divisão entre a cabine e a antiga caçamba, alargadores nos para-lamas, pneus largos, quatro faróis retangulares, vidros verdes, estepe montado externamente sobre base basculante e para-choques envolventes. O interior trazia bancos dianteiros individuais, anatômicos e reclináveis, direção hidráulica, volante esportivo, retrovisores elétricos, teto solar, console central revestido com o mesmo tecido do estofamento e (opcionalmente) ar condicionado. O alongamento da capota, em todas as transformações, sempre seria feito com chapas de aço soldadas.

A diversificação de modelos Sulam foi vasta e de ritmo intenso. Somente em 1984, quando se aproximava da milésima transformação, apresentou seis novos veículos, começando pelas versões cabriolé do Monza e do recém-lançado Escort, da Ford, similares aos originais alemães, segundo a empresa. O segundo trazia nova tampa do porta-malas em plástico reforçado com fibra de vidro, aerofólio e barra de proteção tipo targa (como no Gol e Voyage conversíveis) munida de defletor para reduzir a turbulência no banco traseiro. Qualquer versão duas-portas do Escort podia servir de base para a transformação. O Monza era construído a partir do modelo sedã.

Outras duas novidades foram a caminhonete Chevrolet Caravan Executiva, com acabamento de luxo e cinco-portas (a original só possuía três), a cabine-dupla Super Chevy e o “Audi Quattro” Sulam. Fabricada sobre as picapes médias Chevrolet, a Super Chevy tinha duas portas, aerofólio integrado à traseira do teto, acréscimos de plástico reforçado aos arcos dos para-lamas e saias, para-choque e grade de novo desenho. Um arco decorativo em relevo, com visual targa, envolvia o teto a partir da linha da cintura.

Lançado no XIII Salão do Automóvel e construído sobre o VW Passat de duas portas, o Audi Quattro era uma espécie de réplica do famoso esportivo 4×4 alemão. A transformação era profunda: novas colunas traseiras de chapa de aço (integrando grade para exaustão do sistema de circulação da cabine), quatro faróis retangulares, lanternas traseiras do Fiat Uno e grande quantidade de componentes de plástico reforçado substituindo partes da carroceria: capô com tomada de ar, tampa do porta-malas com aerofólio, para-choques com spoiler, saias laterais e os quatro para-lamas, os traseiros com entrada de ar adicional. As janelas não tinham defletores e o para-brisa traseiro era fixo. O carro ganhou motor de 2.048 cm3 e 122 cv, amortecedores pressurizados e pneus especiais, mas a tração permanecia apenas nas rodas dianteiras. Além disso, tinha teto solar, bancos em couro, vidros verdes e painel com instrumentação completa. O Salão também mostrou a versão conversível do Uno, carro que a Fiat lançara apenas três meses antes no Brasil (o modelo também seria comercializado pela Sultan, revendedora paulista da Fiat, com seu próprio nome). Naquele ano a Sulam ultrapassou o primeiro milheiro de unidades fabricadas.

Em 1985, quase em concomitância com a apresentação da nova picape C-10 pela Chevrolet, a Sulam redesenhou e lançou os modelos Blazer e cabine-dupla adaptados ao novo estilo, conseguindo obter, dessa vez, linhas muito mais limpas e harmônicas do que nos modelos anteriores. Embora a empresa continuasse a priorizar a transformação de automóveis, a linha derivada de veículos comerciais já contava, então, com versões com janelas panorâmicas e toda a sorte de acessórios. Ainda assim, contrastava a ousadia no lançamento – em estilo e quantidade – dos conversíveis e esportivos com a discrição de tratamento dada às cabines-duplas e camionetas.

Entre as novidades de 1986 estavam seu primeiro baja bug e a Blazer 4, para até 11 passageiros. Esta, construída sobre a nova cabine-dupla Chevrolet de quatro portas, comportava três fileiras de bancos e aproveitava a tampa traseira e as janelas laterais fixas do modelo de duas portas. O baja, uma transformação do Fusca, do qual aproveitava carroceria e mecânica, tinha para-lamas, frente, capô e tampa traseira substituídos por sete peças moldadas em plástico reforçado com fibra de vidro, para-choques tubulares e dois faróis auxiliares com grade de proteção. A Sulam manteve o estepe alojado na mala e instalou no capô entrada de ar para ventilação interna, cuidado ignorado pelos demais fabricantes de bajas.

A estagnação do mercado de automóveis na segunda metade da década de 80 levou a Sulam a redobrar a atenção na transformação de picapes, segmento que ainda mostrava certa vitalidade. Em 1988 lançou a Blazer S, variante da Blazer (que continuava em linha) com novos para-choques e mais uma coluna de cada lado delimitando pequena janela triangular basculante. Os modelos derivados do Ford F-1000 foram bastante mais alterados: eram novos para-choques envolventes integrando faróis auxiliares, grade, grupo ótico, lanternas traseiras e janelas maiores, com “design aeroespacial” – o que quer que isto pudesse significar. No final do ano seguinte todos os modelos, que até então não tinham nome, foram batizados: na linha Ford, Nebraska (cabine-dupla) e Dakota (blazer); na GM, Kentucky (cabine-dupla), Nevada (blazer) e Topeka (a antiga Blazer S). Em 1990 os derivados Chevrolet ganharam faróis e lanternas dianteiras do Opala Diplomata, nova grade e (o modelo Kentucky) novo santantônio de plástico reforçado.

Com o governo Collor, seu plano econômico e a abertura das importações, os lançamentos escassearam. O primeiro novo produto da década foi o Cross/Trail, lançado no final de 1990, uma picape Chevrolet compacta, com entre-eixos 33 cm mais curto e cabine 30 cm maior, para-lamas alargados, saias, bancos esportivos, direção hidráulica, e opção de ar condicionado, geladeira, toca-fitas, estofamento de couro e bloqueio das portas. No ano seguinte a blazer Nevada foi alterada: os grandes vidros laterais traseiros foram divididos em dois, a metade da frente se tornando basculante; o carro também recebeu os alargadores de para-lamas e saias do Cross/Trail.

Logo a seguir, os derivados Chevrolet mais uma vez mudaram de grade. O Cross-Trail ganhou faixas decorativas na larga coluna traseira e uma barra transversal no teto; na Topeka, os para-choques cresceram em altura e as laterais receberam uma larga faixa de fibra da cor do carro, na altura do rodapé. No mesmo ano foi ainda lançada a transformação da picape VW Saveiro em cabine-dupla e retomada a produção do Fusca conversível. Em 1992, em conseqüência da reestilização da picape Ford, seus derivados Sulam também foram modernizados. A blazer Dakota acompanhou a solução dada um ano antes à Nevada e ganhou janelas basculantes para os passageiros do banco traseiro.

Os anos 90 foram um período negro para os transformadores e os fabricantes brasileiros de veículos de pequena série. Das centenas de pequenas indústrias que vicejaram no país na década anterior, pouquíssimos sobreviveram. A Sulam foi uma delas. Para resistir à fase mais aguda da recessão, a empresa – à imagem do país – decidiu se “desindustrializar”, voltando-se para o comércio e a prestação de serviços de oficina. Em anúncio de fevereiro de 1994 informava estar “ampliando sua área de atuação“, a partir daí abrangendo a “importação de veículos, importação de acessórios, revestimentos e bancos de couro e mecânica, funilaria e pintura para carros nacionais e importados“. Nova ênfase foi dada à fabricação e venda de acessórios e kits para personalização, desde spoilers e para-choques especiais até uma caçamba com para-lamas salientes feita de plástico reforçado, chamada Splash, para a picape S-10 nacional e as importadas Ford Ranger e Chevrolet Silverado. Uma das raras novas transformações do período foi a cabine-dupla Nebraska com quatro portas, ainda assim sem maiores sofisticações.

O novo século encontraria a empresa definitivamente reposicionada no mercado, fabricando acessórios esportivos e bancos de couro, efetuando blindagem de automóveis e, retomando suas origens, construindo conversíveis a partir de carros de série. A volta à atividade de transformador se deu em 2001, com a preparação de versão cabriolet para o Ford Ka, com dois lugares, à qual deu o nome Kabriolet. Mantendo inalterada a mecânica, o carro teve a estrutura monobloco reforçada e ganhou novos para-choques (na cor da carroceria) e tampa do porta-malas de plástico reforçado com fibra de vidro, quebra-vento fixo, faróis de longa distância, luz de neblina traseira, aerofólio, pequenos santantônios individuais recobertos de fibra, revestimento interno em couro e painel pintado de preto. A capota de lona, de acionamento manual, quando recolhida, se alojava detrás dos bancos.

Em 2003, adaptando-se à atualização estética aplicada ao Ka 2002, o Kabriolet recebeu leves retoques na carroceria: novos para-choques, saias laterais, eliminação da luz de neblina e transferência da placa de matrícula traseira para a tampa da mala, que também foi alterada. Em 2004, por fim, a Sulam mais uma vez ressuscitou seu Fusca conversível, segundo o projeto original Karmann. A conversão envolvia a retirada do teto e de todas as colunas, o reforço estrutural, a elevação da linha da cintura em 3 cm (incluindo as portas), a colocação de novo quadro de para-brisa estampado em aço e a instalação de novos vidros, com quebra-vento fixo e janelas traseiras abrindo (para baixo) em torno de um pivô no vértice inferior dianteiro. A capota (manual) era fabricada com material importado, com várias opções de cor, assim como era vasta a lista de acessórios e materiais de acabamento, que incluíam computador de bordo, console central e forração em couro.

A atuação da Sulam está hoje restrita à fabricação de bancos de couro e à blindagem de veículos civis.

<sulam.com.br>





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