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KASINSKI | galeria

Marca das motocicletas e utilitários de três rodas fabricados pelo empresário Abraham Kasinsky, fundador da Cofap – Companhia Fabricadora de Peças, em 1949, que sob sua direção viria a ser a maior indústria de autopeças do Brasil e uma das cinco maiores do mundo. Em 1997, em razão de desavenças familiares na condução dos negócios, a companhia foi vendida, seu controle acionário acabando nas mãos de empresas estrangeiras – 11% com a alemã Mahle e 70% com a italiana Magneti Marelli, subsidiária da Fiat.

Em 1999, Abraham, aos 82 anos de idade, surpreendeu o mercado ao anunciar a criação da Cofave – Sociedade Amazonense Fabricadora de Veículos, destinada à fabricação de motocicletas em Manaus (AM). O novo negócio foi iniciado com a compra das instalações industriais da montadora coreana Hyosung, operação que incluiu os direitos para continuidade de fabricação da sua linha de motos, agora sob a marca Kasinski (grafado com i, não mais com y, como em seu sobrenome).

Em paralelo com as motocicletas (scooters e modelos de até 125 cm3), a empresa também montaria triciclos de carga com tecnologia da Bajaj indiana. Os projetos do visionário Abraham, porém, iam muito além. Desde o primeiro momento traçava planos para fabricar automóveis, prevendo, para um horizonte de curto prazo, o lançamento de um carro para dois passageiros com motor em torno de 600 cm3, construído a partir da plataforma do triciclo, com custo final máximo de US$ 5.000. A mecânica seria buscada no mercado externo, já que o índice de nacionalização não seria foco de sua preocupação inicial, devendo limitar-se a cerca de 30%. Mais tarde os planos foram revistos, e o veículo passou a ser um utilitário com quatro rodas, 70% nacional, de carroceria aberta fixa ou basculante, 250 cm3 e capacidade para até 500 kg de carga. Segundo o empresário, o carro não teria nada de inovador – deveria apenas ser prático, confiável e barato; para isto (declarou em 2002), bastaria estar “copiando uma série de projetos bem-sucedidos que vi no mundo todo“.

Automóveis Kasinski jamais seriam lançados, mas os triciclos sim. Os protótipos foram apresentados no Salão Duas Rodas, em outubro de 1999, porém o veículo só foi oficialmente lançado dois anos depois, em novembro de 2001. Eram modelos para carga e passageiros com capacidade para 470 kg, acionados por motor monocilíndrico de quatro tempos refrigerado a ar, com 174 cm3 e 8,2 cv. Chamado Motokar, alcançava 70% de nacionalização em suas três versões: picape, furgão e táxi (batizado Táxi-Kar). O furgão podia receber carrocerias especiais, como lanchonete ou isotérmica, esta preparada para uma rede de supermercados; o táxi, tipo de veículo inédito no país, vinha com dois bancos, um para o motorista e o traseiro para três passageiros. Todos os modelos tinham guidão, em vez de volante, com embreagem, acelerador e troca de marchas nos manetes, como nas motos. O mercado preferencial da empresa seriam os estados do Nordeste e Centro-Oeste.

A Kasinski chegou a 2002 com uma gama de dez modelos de motocicletas, inclusive uma 250 cm3 (pouco depois chegariam duas 650), com índice de nacionalização médio de 65%. A empresa já havia conquistado 1,8% do mercado interno e era líder nos segmentos de motos custom e motonetas, no último caso respondendo por 52% das vendas. Apesar destes indicadores interessantes, a produção não voltou a observar crescimento significativo, estacionando na faixa das 600 unidades mensais. Quanto aos triciclos, a estimativa inicial de 1.500 unidades mensais nunca se confirmou; as vendas se mantiveram em níveis discretos e em 2007 os veículos já não mais eram produzidos.

Abraham Kasinsky acabaria por vender a empresa, repassando-a em julho de 2009 para o grupo sino-brasileiro CR Zongshen, que se propunha a lançar novos modelos de origem coreana e chinesa, mantendo a marca Kasinski. Em 2010 a empresa anunciou a construção de nova fábrica em Sapucaia (RJ), onde produziria motocicletas elétricas, empreendimento que não chegou a se concretizar. Em meio a problemas jurídicos e trabalhistas, em 2013 a produção foi suspensa.

No ano seguinte, com a parte chinesa já fora da sociedade, os planos de crescimento continuaram, envolvendo a implantação de uma segunda linha de montagem em Manaus, para 110.000 motos/ano, com início de operação “em três meses“. Em agosto do mesmo ano a produção foi novamente interrompida e 500 empregados demitidos.

Havia três anos fora do negócio, Abraham faleceu em fevereiro de 2012, aos 94 anos de idade.

<kasinski.com.br>





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